DESCENDENTE DE PIONEIRO DA AVIAÇÃO ESCOLHEU TÁBUA PARA VIVER EM COMUNHÃO COM A NATUREZA 

“ENCONTRO NO RIO” ABRIU EM JUNHO E SITUA-SE NA PÓVOA DE MIDÕES

“ACHAMOS BEM QUE SE EXPLORE O MINÉRIO, MAS NINGUÉM O QUER À FRENTE DA PORTA…É UM POUCO DIFÍCIL COMPREENDER A SITUAÇÃO PARA NÓS, POIS A CONSULTA ESTÁ EM PORTUGUÊS”, DIZ DAVID HESSHAIMER A RESPEITO DA EXPLORAÇÃO DE MINÉRIO NA ZONA ONDE FICA ESTA UNIDADE TURÍSTICA

  Abriu em Junho passado este ”Encontro no Rio”, um Alojamento Local situado na Quinta da Malhadoura, na Póvoa de Midões, que alia, de uma forma harmoniosa, o turismo, cavalos e natureza num ambiente que, podemos dizer sem ponta de exagero, é um cenário paradisíaco.

  Este AL, que estará aberto todo o ano, possui três apartamentos com capacidade de albergar dez pessoas, piscina e um picadeiro onde estão quatro cavalos, de belo porte, cruzados das raças Lusitana e espanhola para os amantes da equitação. Chamam-se Ávila, Solero, Lucero e Trovão e há aulas de equitação, abrangendo os mais novos. Dentro em brave, vai ser concluído um bar para os clientes.

 O imóvel foi reconstruído pela família alemã, o casal e três filhos. David Hesshaimer, o patriarca, é descendente direto de Charles Augustus Lindbergh que foi um pioneiro da aviação dos Estados Unidos que ficou famoso por ter feito o primeiro voo solitário transatlântico sem escalas, em 1927, ligando Nova Iorque a Paris, um trajeto que durou 33 horas e 30 minutos. Consultando a Wikipédia, a enciclopédia livre on line, ficamos a saber um pouco da curiosa história familiar deste alemão que escolheu Tábua para viver. De 1957 até à sua morte em 1974,Charles Lindbergh teve um caso com a alemã Brigitte Hesshaimer, que vivia numa pequena cidade da Baviera, chamada Geretsried (35 km a sul de Munique).   

  Em 23 de novembro de 2003, testes de DNA provaram que ele era o pai dos seus três filhos: Dyrk (1958), Astrid (1960) e David (1967). Os dois conseguiram manter o caso em segredo, e mesmo as crianças não conheciam a verdadeira identidade de seu pai, que eles viram quando ele chegou a visitá-los uma ou duas vezes por ano usando o apelido “Careu Kent”.

  Há dois anos, David, na companhia de Hans, Lisa, Franz e Daniela Hesshaimer carregaram, na Bavaria, Alemanha, três camiões com todos os seus pertences e decidiram vir morar para este local que é quase tocado pelos deuses em termos de paisagem. ”Lá o inverno era muito rigoroso. Chegávamos a ter um metro de neve junto à nossa casa. Aqui é completamente diferente, muito calmo, seguro”, referem, acrescentando que chegaram à Póvoa de Midões de uma forma espontânea.    

  ”Inicialmente, tínhamos como objetivo residir no Algarve, mas apercebemo-nos que é muito seco, árido, sem este verde, estes vales e a beleza do rio Mondego”, diz-nos David. A mulher, Daniela, é professora de equitação, dando aulas no picadeiro existente na propriedade em conjunto com uma das filhas. Muitas das fotos promocionais desta unidade turística mostram-nos os cavalos a percorrerem as margens do rio. Segundo David, as pessoas gostam disso, desse contacto em pleno com a natureza, chegando a cavalgar nas águas do Mondego. ”É uma sensação de grande liberdade em harmonia com a natureza”, frisa, acentuando que o cliente tipo das grandes cidades aprecia este silêncio, a natureza e a calma, em contraponto ao bulício e ao stress que se vive nas grandes cidades. “Aqui há uma vida livre, de encontro no rio”.

 Hans diz que deixou o estudo na área de Tecnologia para abraçar este sonho de vir para Portugal acompanhar os pais. Atualmente, frequenta um curso de aprendizagem do português em Tábua. Fala das obras de renovação do imóvel que duraram dois anos, dos atrasos que tiveram lugar na instalação da fibra ótica – “foram problemas antigos” interrompe o pai, sorrindo. A ocupação tem sido boa e houve nestes dias de verão outonal um grande afluxo de clientes. Alguns vindos de Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu e até de paragens mais longínquas, como Alemanha, Holanda, Espanha e…do Iraque. Frisam que o acesso à unidade é feito através de uma estrada cheia de buracos e pedras, esse é um fator negativo, mas esperam que as entidades autárquicas possam corrigir, no futuro. A falta de feno no mercado é também uma dificuldade e tiveram de o adquirir na Alemanha,” porque a Espanha comprou todo o feno a Portugal”.

Sobre a possibilidade da zona na Póvoa de Midões, onde se situa este alojamento, ficar incluída no mapa da prospeção de minério recentemente divulgado, David diz que “é um pouco difícil falar nisso agora, estamos na expetativa, é um pouco difícil compreendermos essa consulta pública pois está tudo em português, toda a gente acha bem que se explore o minério, mas ninguém o quer à frente da porta”.

 “Mas o nosso objetivo é continuarmos, adoramos esta região”, asseguram.   

Texto: José Leite

Fotos: Nuno Pereira

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