CARLOS SANTOS, PRESIDENTE DA CONCELHIA SOCIAL-DEMOCRATA: “OS VELHOS BARÕES DO PSD DE TÁBUA ESTÃO ENCOSTADOS AO PS”

Numa semana em que o PSD esteve em foco devido às eleições diretas que deram a vitória a Rui Rio, o presidente da concelhia de Tábua, Carlos Santos, fala-nos sobre o momento atual do partido e sobre a forma como tem lidado com a grave doença que o afeta, o que não impediu de manter uma presença ativa na última campanha, acreditando que os social-democratas têm condições “para renascer das cinzas” no concelho.

Como tem evoluído a sua doença?

  Tem havido um acompanhamento bimestral, já não estou a fazer tratamento. Esta semana tenho consulta, vamos a ver os resultados. Agora recuperei a voz, um dia de cada vez

Como consegue lidar com essa doença?

   Com muita fé, sou crente, seguidor de Deus e estou seguro que, quando nos acontecem coisas desagradáveis, devemos ter forças e alento para as ultrapassarmos. Temos de ter força e fé para que isso aconteça. Ficamos mais fortes. Penso que estou a superar esta prova de forma a encarar o futuro com outras perspetivas, com mais clareza.

Foi um ato de coragem ou de loucura ter participado, de forma ativa, na campanha do PSD em Tábua, onde chegou a intervir em alguns comícios?

  Os meus conterrâneos merecem toda a minha dedicação. Os tabuenses são mais importantes do que a minha doença., eles estão em primeiro lugar. Esta é a minha forma de estar na política, procurar a fazer o bem e o melhor para todos.

A candidatura do independente Fernando Tavares Pereira foi uma oportunidade perdida para o concelho de mudar o poder político existente?

   O PSD cresceu em número de votos. Não é fácil tirar um lobo da toca. Acho que não fizemos um trabalho competente especialmente nas freguesias do baixo concelho. Mas há que dar tempo ao tempo. Daqui a quatro anos começa a renovação dos cargos dos presidentes de Junta e teremos oportunidade de apresentar candidatos eficientes, temos massa critica, temos muita gente a trabalhar connosco, gente jovem, com novas ideias

No seu entender, a que se devem as sucessivas vitórias eleitorais do PS em Tábua, numa altura em que o governo de António Costa aparenta estar mais desgastado? Deve-se ao facto do PSD estar fragilizado?

   Penso que estas eleições demonstraram que se voltou a fazer oposição, os resultados eleitorais melhoraram. Penso, no que respeita ao PS, que são trinta anos de poder, de caciquismo, e vamos ter que, nos próximos quatro anos, desmembrar esse caciquismo. Os tabuenses terão oportunidade de constatar que não lutamos pelo poder, mas pelas pessoas, os seus ideais, necessidades, ajudá-las a ultrapassar as dificuldades que enfrentam.

Ricardo Cruz, o presidente eleito, pode caminhar para um segundo mandato? Nota alguma diferença política e de comportamento face ao seu antecessor, Mário Loureiro?

   É muito cedo para tirar conclusões. Mário Loureiro poderia ter o seu mau feitio, mas reparei que tinha algumas capacidades de gestão, penso que era um Presidente mais ativo do que aquele que temos atualmente. Posso estar enganado, mas quem vai sofrer são os tabuenses. Creio que Ricardo Cruz vai ser apenas um político, é um homem do aparelho, enquanto Mário Loureiro não era apenas politico, tinha mais Tábua na visão.

   Repare: o que se tem feito neste princípio de mandato foram iniciativas lançadas por Mário Loureiro. As associações continuam à espera das transferências financeiras protocoladas, ao passo que continuamos a ver dinheiro mal gasto na Câmara. Por exemplo, a Cultura é dirigida apenas para sede do concelho, esquecendo as freguesias.

Tenho ouvido algumas críticas de social-democratas referindo que o PSD de Tábua atual é uma coutada de duas ou três pessoas, que se fecham em si, que pouco têm feito para agregar mais prosélitos. Que diz a essas críticas?

   É uma injustiça dizerem isso. Se o PSD não está mais vivo, foi porque eu passei parte do ano em tratamentos, sem poder fazer política. Estamos a reorganizar tudo e aproveito esta entrevista para convidar os militantes a pagar as suas quotas, a avançarem com os seus projetos, porque em julho vamos ter eleições. É uma oportunidade para quem diz que o partido é uma coutada para se mostrar. A minha forma de estar na política é um livro aberto, discordo com essas críticas. Mas, repito: em julho podem mostrar-se, concorrer, e terão oportunidade de liderar o partido se  os  militantes assim o entenderem.

Estaria disposto a recandidatar-se ao cargo de presidente da concelhia?

  Se essa for a vontade de todos, estarei lá.

E como pensa reorganizar o partido?

  Juntar os ativos que chamamos para estas eleições. Apraz-me dizer que são pessoas muito válidas, que simbolizam os ideais da social-democracia, as quais serão, certamente, a base do partido para daqui a quatro anos.

E não é possível chamar os antigos barões do PSD de Tábua?

  Os antigos barões de Tábua do PSD estão todos “encostados” ao PS, essa é que é a grande verdade. Porque o PS esvaziou, por completo, o PSD e nós estamos a renascer das cinzas. Agora já somos um partido de combate e já perdemos por poucos. O PSD está a trabalhar para os tabuenses, estamos mais fortes e esperamos merecer a confiança deles daqui a quatro anos.

Nas últimas eleições diretas para o PSD, a concelhia de Tábua posicionou-se ao lado de Paulo Rangel ou de Rui Rio?

  A concelhia não apoiou ninguém, embora eu tivesse sido mandatário do Dr. Paulo Rangel, assim como houve outro mandatário do Dr. Rui Rio. Estas diretas demonstraram que o partido respira democracia.

Mas aqui em Tábua regiatou-.se uma fraca adesão de votantes. Apenas dezasseis foram às urnas…

As pessoas estão cansadas dos políticos que esquecem o interior e com estes dois políticos claramente isso aconteceu. O interior não é apetecível para eles, representa poucos votos.

Mas Rui Rio esteve presente no lançamento em Tábua da candidatura de Fernando Tavares Pereira…

Verdade, são muito simpáticos quando vêm cá, mas quando estão em Lisboa, esquecem estas regiões.

Mudando de assunto, para terminar: o Carlos Santos liderou uma associação (a ACIP – associação dos industriais de panificação), um sector que tem muita a ver com esta região. Como vê a situação do sector?

  Estamos a perder dinheiro devido ao elevado custo das matérias-primas. Eu aconselho os meus colegas de profissão a atualizarem as tabelas de preços ao consumidor ou vão ficar pelo caminho.

Texto e fotos: José Leite

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