PORQUE É QUE EM 2 ANOS NADA FOI EXPLICADO SOBRE O PROCESSO DE MINERAÇÃO EM CURSO
Quando nos deparámos repetidamente com o período de consulta pública para a denominada zona de “Vale de Gaios”, parece que nos caiu tudo. E não é para menos, de facto. Vejamos que em muitos dos pedidos de pesquisa e extração destes minerais está associado o Quartzo, Feldspato e Lítio. Neste caso, surgem 2 deles o que não inviabiliza a retirada de outros. Para quem já esteve numa exploração mineira, sabe que para tirar umas gramas de minério são precisos por vezes retirar diversos camiões de rocha ou lamas.
Mas porque é que em 2 anos nada foi explicado? Será que, como no caso do processo de pesquisa de Lítio da zona da “Boavista”, nós não sabemos tudo?
Se em alguns concelhos os contratos têm contrapartidas para os municípios de uma percentagem em valor do material extraído, já no caso de “Vale de Gaios” o contrato apenas refere a criação de alguns postos de trabalho, o acesso a ferramentas/dados acerca do solo e melhoria de acessibilidades nos locais dos investimentos, o que é muito estranho.
O processo é tão estranho que, por exemplo, no parecer do município de Tábua, que autoriza a prospeção e extração de minério, apenas exclui 3 percursos pedestres, algumas aldeias, 3 monumentos e 1 plantação de frutos. Mas, pergunto, e as restantes plantações existentes na área em conceção? Será por ser da família do Sr. deputado do Partido Socialista? E alguém viu uma exploração ser feita dentro de uma povoação, em cima de um monumento ou em caminhos ou estradas públicas identificadas? Os próprios PDM já delimitam aí qualquer tipo de indústria, por isso o parecer do município é favorável e exclui o que é de lei, acrescentando uma plantação de quiwis…
Com um pedido que teve pareceres favoráveis de todas as entidades, será uma “guerra” de David contra Golias tentar travar o avanço desta prospeção de mais ou menos 30 mil euros. Será realmente um grande investimento para o concelho e região. Basta olhar para as minas de Ázere ou Sobreda (que são da mesma empresa), para verificar a quantidade de trabalho que acarreta um investimento desses e o desenvolvimento posterior onde ficam essas minas a céu aberto.
Por falar nisso e para finalizar, questiona-se como será o plano de recuperação após o términus da exploração, que se prevê de pelo menos 20 anos? Isto porque é da responsabilidade da empresa executar esse trabalho e não, como acontece sempre após a exploração, que é deixar buracos a céu aberto a verter águas para os caudais dos rios e a contaminar os terrenos à sua volta, como no caso de Ázere, onde o plano de recuperação foi feito pelo estado em mais de 5 milhões de euros e na Sobreda onde simplesmente ficaram as lagoas cheias de água ao abandono. É isto que os Tabuenses e o Município pretendem? Essa é de facto uma posição que tem de ser assumida por quem a tomou.
Texto : Nuno Pereira
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