“NINGUÉM PÕE MÃO NESTA PRAGA”

AGRICULTORES REVOLTADOS COM ATAQUE DE JAVALIS

  Carlos Castanheira olha desolado para o pasto na Quinta da Cerca, Sinde, praticamente dizimado na véspera pelos javalis. “Já vieram aqui várias vezes destruir-me a pastagem onde tinha semeado aveia e azevém para as ovelhas. É triste virmos aqui trabalhar de dia e, à noite, ver tudo dizimado”, sublinha, apontando para o local do ataque onde se vê, ao longe, a terra completamente revolvida. Refere que o prejuízo é avultado, “pois as sementes estão cada vez mais caras, não contando com o gasto no gasóleo, pois andei aqui uma semana com o trator”.

  Diz que os “animais andam bastante ativos ultimamente, porque não têm que comer e chegam a entrar nos povoados”, frisando que tem levantado o assunto junto das associações de caçadores, particularmente uma sediada em Sinde/Espariz, “mas ninguém tem apresentado uma solução para o caso, ainda gozam pelo facto de tentarmos manter as nossas terras limpas, de lutarmos pelo nosso futuro, não há ninguém que ponha mão nisto, nem o governo”.

  Carlos refere que deveriam organizar mais montarias, ou deixar que se coloquem armadilhas, ”pois cada vez há mais bicharada”.

“E depois ainda temos outra praga, que são as cabras do mato, que comem também, mas não estragam tanto”, diz este agricultor que trabalha a terra há mais de vinte anos e “que nunca viu uma praga como esta”.

 ”Qualquer dia, vou desistir”, frisa, desalentado.     

  Não está sozinho na sua revolta, neste tempo de cultivo das sementeiras e de apanha da azeitona. A publicação na página do Facebook de “O Tabuense” de alguns pormenores sobre este caso, deu azo a vários comentários de outros agricultores que se sentem revoltados:

Anabela Oliveira:

“Também vieram ao meu jardim e deram cabo tudo, é uma tristeza andarmos a gastar dinheiro para ver estes animais estragar tudo”.

Pedro Alves:

“Pois aqui se não fosse a cerca elétrica não tinha uvas nenhuma e, quem paga, é o pobre se quer ter alguma coisa”

Olga Garcia:

“É uma tristeza: este ano comeram-me os cachos, estragaram-me as couves, as batatas-doces e o feijão-verde, nem dá vontade de semear nada”

Texto e fotos: José Leite

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