OITO MIL PESSOAS NO RECINTO NA NOITE EM QUE ATUOU NINIHO VAZ MAIA. ESPETÁCULO TEVE UM CUSTO DE 18 MIL EUROS

FACIT: MAIS DE METADE DOS CUSTOS PREVISTOS

 FOI PARA OS ESPETÁCULOS

PSD QUER SABER QUAIS FORAM OS REAIS CUSTOS DA FESTA

Segundo números avançados pela Câmara, a FACIT – Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Tábua, que se realizou de 28 de junho a 2 de julho, representou um investimento de cerca de 150 mil euros.

Um certame que, segundo fez questão de sublinhar o Município no dia da sua apresentação, visou a “projeção da marca de Tábua a nível nacional”. Se o objetivo era esse, causou alguma estranheza constatar que no dia da abertura não esteve presente nenhum membro do governo, e apenas se destacaram as segundas linhas de organismos estatais do sector económico, como foi o caso de um representante do IAPMEI (não o presidente) e o vice-presidente da CCDRC da Região de Coimbra, Luís Filipe, que destacou a capacidade de investimento dos empresários tabuenses. “Cada euro de investimento público tivemos quatro euros de investimento privado, não são todas os territórios que se podem orgulhar disto”, frisou. Ricardo Cruz acentuou a presença de cerca de 150 expositores e relevou o acom-panhamento que a CCDRC tem feito na área empresarial da Carapinha para que a mesma se torne uma realidade. Enfatizou a união e vontade de todos os representantes das juntas de freguesia ali presentes em proporcionar mais uma FACIT e o caracter empresarial do evento, demonstrativo da capacidade e dinamismo dos empresários na criação de riqueza para o concelho, sublinhando ainda a vasta e diversificada oferta de espetáculos.

O fato da edilidade ter privilegiado os concertos foi motivo de críticas da parte do responsável local do PSD e vereador Vítor Melo, o qual, em declarações ao nosso jornal, revelou que vai pedir ao executivo informações sobre os custos reais dos espetáculos. “O PS só pensa no espetáculo, quando o principal objetivo da feira é a promoção das atividades económicas, e, nesse âmbito, houve pouca criatividade, foi mais do mesmo”.

A esse respeito, a animação musical na FACIT proporcionou o afluxo de muitos visitantes nas noites em que os mesmos tiveram lugar. Durante a atuação de Nininho Vaz Maia, no sábado à noite, segundo revelou uma fonte ligada aos bombeiros a “O Tabuense”, terão estado presentes no recinto cerca de oito mil pessoas, muitas delas representando a comunidade cigana que ali se deslocou, mesmo vinda de paragens longínquas, para ver um artista que idolatram. Embora o Município tenha explicado num comunicado que os bilhetes não esgotaram, foi-nos dito que cerca de três centenas de pessoas não conseguiram obter a entrada para o recinto da feira. A organização fala que teve de encerrar as bilheteiras mais cedo por forma a garantir a segurança das pessoas que lotaram o recinto do Multiusos.

Segundo se pode ler na Base dos Contratos Público, a contratação de Nininho Vaz Maia por ajuste direto terá custado aos cofres do Município cerca de 18 000 euros, enquanto os “Anjos”, que atuaram na véspera, o custo do ajuste direto se cifrou nos 17 500 euros. Já a produção dos espetáculos, montagem de estruturas e comunicação as despesas ascendeu aos cerca de 49 mil euros. Estes valores são bem elucidativos do empenho do Município em levar gente ao recinto para ver ao vivo alguns artistas de topo da atualidade – não terá sido o caso da Romana, que desiludiu – ficando por apurar se a totalidade dos custos não terão ultrapassado largamente os 150 mil euros previstos e não terá havido as habituais “derrapagens” financeiras. Mais modestos e com menores custos neste programa que pretendeu ser diversificado e agradar a todos os tipos de público, foram, por exemplo, o 37º Festival de Folclore da Casa do Povo de Tábua que teve lugar no último dia ou a atuação de diversos DJ`S que animaram os mais novos numa tenda especialmente concebida para a música de discotecas.

No dia da inauguração, “O Tabuense” ouviu alguns expositores representando diversas atividades, como foi o caso de Helena Thernau, da imobiliária Terra dos Rios, que nos deu nota da grande procura de quintas com casas, mesmo em ruínas, nas zonas rurais nos concelhos de Arganil, Oliveira do Hospital e Tábua. “Pedem valores muito altos, quase exagerados, cerca de mil euros o metro quadrado, o que é mau para a estabilidade do mercado imobiliário”. Geralmente são estrangeiros com poder de compra elevado, “o que faz com que as pessoas com, menos posses tenham menos possibilidades”. Nos alugueres “há pouca oferta”. Segundo Helena, “nas aldeias o panorama muda, pois as pessoas procuram privacidade, quintas e casas isoladas.

Na ACORFATO, a empresa de confeções de Vila Nova de Oliveirinha, destacava-se uma velhinha máquina de costura Oliva usada pelo fundador, António José Silva Correia, Alfaiate de profissão, que criou a empresa em 1989. Susana Garcia, que integra o departamento de Qualidade, diz que a empresa exporta muitos artigos para o estrangeiro, especialmente os EUA, Canadá, norte da Europa, “grande parte são produtos de alta qualidade, personalizados, ainda temos peças feitas de forma manual “, sublinhando que a empresa tem certificação de qualidade, procurando dar as melhores condições de trabalho aos mais de duzentos trabalhadores que neste momento laboram na unidade. Refere que a ACORFATO enfrenta os problemas inerentes a uma empresa do interior, como seja o facto de ter dificuldade em contratar pessoas. Uma estratégia para ultrapassar essa situação respeitou à recente criação de um curso especializado para formar costureiras/os industriais, fornecendo conhecimento e técnicas, para que estes sejam capazes de trabalhar com eficácia e eficiência. Esta formação irá realizar-se na própria empresa e terá início em setembro de 2023.

Figura popular em Percelada, António Fernandes Abrantes, um artesão especializado em moldar objetos em madeira, especialmente as famosas colheres de pau, evidenciou-nos no seu stand o seu desagrado pelo facto dos profissionais deste sector estarem a desaparecer em Tábua. “Muitas vezes, procuro pessoas, especialmente jovens e até lhes pagava para lhes ensinar esta arte no meu espaço, mas não querem”. Com 72 anos de idade, diz que em breve vai reformar-se. E lá se vão as colheres de pau, pois “aqui na zona não há ninguém que as faça; tanto a Câmara como a União de Freguesias de Covas e Vila Nova de Oliveirinha podiam ajudar mais, para que este artesanato não se perca. Até o cartaz que vê aqui exposto no stand fui eu que o arranjei, não quiseram financiar  a sua feitura”.

Texto: José Leite

Fotos: J.L. / CMT(FACIT)

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