UM RETIRO EM HARMONIA COM A NATUREZA

EM COVAS, UM CASAL DE HOLANDESES DESCOBRIU UMA QUINTA ONDE CONCILIA O TURISMO TRADICIONAL EM CASAS DE LUXO COM TENDAS DE CAMPISMO EQUIPADAS COM TODO O CONFORTO.IDEAL PARA QUEM PROCURE UM REFÚGIO TRANQUILO EM TODAS AS ÉPOCAS DO ANO.UNIDADE FOI DISTINGUIDA COM PRÉMIO EUROPEU.

O PRINCIPAL PROBLEMA SÃO AS FALHAS NAS COMUNICAÇÕES,UM OBSTÁCULO PARA QUEM PROCURE ESTE LOCAL PARA TELETRABALHO E JÁ SÃO MUITOS OS QUE RECORREM A ESTE NOVO TIPO DE ATIVIDADE EM VOGA DEVIDO Á PANDEMIA

   Marga Kramer e Jurrie Kramer, um casal de holandeses, apaixonou-se por Portugal e por esta região. Inicialmente vieram de férias para o Algarve, mas uma busca na internet levou-os à descoberta deste espaço privilegiado em Tábua, onde a natureza e a quietude se misturam numa harmonia perfeita. Adquiriram, em 2006, a Quinta do Retiro, em Covas, um terreno com 7,5 hectares e começaram por construir quatro casas de férias segundo o turismo à moda tradicional, mas, depois, decidiram também instalar vinte lugares para tendas de campismo.    

  Atualmente esta unidade tem uma capacidade para albergar na totalidade cerca de 60 pessoas. Agora, devido à pandemia da Covid-19, essa lotação ficou reduzida, registando-se muitos cancelamentos principalmente de estrangeiros vindos de países que colocaram Portugal na sua lista vermelha.

  “Isso obrigou a uma mudança de objetivos, e apostamos mais no mercado nacional, criando-se uma mescla de nacionalidades, desde portugueses, holandeses, espanhóis”, refere Jurrie Kramer. Alias, registámos no dia em que estivemos na quinta a presença de uma família de portugueses vinda de Odivelas, muito agradados com as condições que encontraram na Quinta do Retiro, podendo desfrutar de uma férias tranquilas longe do bulício das grandes urbes, especialmente nas zonas de praia. O recurso ao teletrabalho, desfrutando dessa tranquilidade envolvente proporcionada pelo verde das paisagens, o arvoredo de castanheiros, mimosas e pinheiros que surge aqui e acolá também como barreira necessária à propagação de um incêndio (aliás, por todo o lado são visíveis extintores, sinal de que a segurança é cumprida de uma forma escrupulosa),não faltando uma pequena queda água e uma piscina ecológica, cujas águas são tratadas com plantas, vendo-se até pequenos peixes do rio no fundo, sinal de que ali não há químicos indesejáveis. É o chamado conceito “água viva”, frisando Jurrie Kramer que na Póvoa de Midões há um outro operador holandês que recorre ao mesmo sistema.

 Aliás, por todo o lado respira-se essa tranquilidade, seja nas casas confortavelmente decoradas que se dispõem em locais estratégicos com vista para a paisagem envolvente, seja ainda nos espaços reservados às tendas.

   “Os turistas procuram sobretudo a tranquilidade, o contacto com a natureza, o ar puro. Repare, aqui só se ouvem os pássaros”, diz Jurrie, sorrindo, sublinhando que foi esta qualidade de vida o factor que mais os atraiu para virem para Portugal.Sustenta que esta região tem muitas potencialidades turísticas: “Temos aqui tudo, praias fluviais, cultura, turismo de natureza, uma qualidade de vida ideal para quem recorre ao teletrabalho”.

 “No verão vêem-se muitas famílias com filhos de todas as idades. Tão pequeno o suficiente para ser em escala reduzida, mas grande o suficiente para que as crianças também possam se conectar com outras crianças”, acrescenta. Um pouco por todo o lado, principalmente junto às casas, surgem pequenos equipamentos onde os mais novos podem brincar. É vê-los entretidos, olhando, surpreendidos, o banho do pequeno cão do casal num pequeno riacho que cruza a propriedade.

 “Estamos abertos todo o ano e, no inverno, chegam muitas pessoas que pretendem explorar a região, vendo as possibilidades de também elas poderem adquirir aqui uma propriedade. Ainda no último inverno recebermos quatro famílias vindas de Israel. Vieram trabalhar e a internet muda tudo, até o próprio local onde se exerce uma atividade”, diz Jurrie. Lamenta, apenas, a má receção na zona para os telemóveis e internet. “O sinal aqui mais forte é o da Vodafone, mas, na generalidade, as comunicações são fracas”, afirma. O que à primeira vista se torna um contrassenso, quando de sabe que, atualmente, em Portugal já estão a avançar para o 5G, uma tecnologia mais desenvolvida para cobrir o país todo. “Após os incêndios de outubro de 2017 estivemos sem internet durante seis meses”, lembra.

  Jurrie refere que “há muita confusão nas regras portuguesas, muita burocracia e as autoridades, como é o caso da Câmara, também enfrentam problemas com essas regras. Por exemplo, a legislação sobre parques de campismo é orientada segundo os parâmetros dos parques nas zonas do litoral, adequadas para mil pessoas. Ora, aqui estamos no campo, no interior, devia haver regras diferentes. Estas são mais dirigidas à quantidade do que à qualidade. O nível de serviços que disponibilizamos não se adequa à classificação que nos foi atribuída. Por exemplo, segundo as normas holandesas, nós temos 3,5 estrelas. Em Portugal somos classificados como um pequeno parque de campismo com 1,5 estrelas. A nível internacional, um empreendimento ter uma piscina é um factor que eleva a classificação. Em Portugal isso não acontece, porque não interessa às grandes operadoras da zona do litoral. Eles não precisam de piscina, têm o mar ali perto, as regras nacionais ainda não se adaptaram aos novos mercados, às novas tendências. Para nós não é um problema grave, mas é irritante”, salienta Jurrie Kramer. Este empresário não tem dúvidas: “O Turismo é um dos sectores principais para desenvolver o interior do país e a via para concretizar esse objetivo passa por uma cooperação entre concelhos, em conjunto com os operadores”.

   A divulgação da Quinta do Retiro é feita através das habituais plataformas digitais, como é o caso da Belvilla para os mercados internacionais, a AIRBMB, o ACSI, para o campismo.

   Os preços na época alta rondam os 120 euros pelo aluguer de uma casa totalmente equipada, enquanto o espaço do campismo, com direito a usufruir de um ponto de eletricidade, água e balneários, ronda os 30 euros.

 E, no final, o casal mostra-nos, com orgulho, uma distinção que lhes foi atribuída, em 2016, por uma entidade internacional, a Zoover, com 9,5 valores, vencendo na categoria  do  Mais Popular Parque de Férias, uma espécie de óscares para o turismo europeu. E nós comprovámos: com toda justiça!

Texto: José Leite

Fotos :Nuno Pereira

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