BARATA PORTUGAL, UM HOMEM QUE DEIXOU OBRA NO CONCELHO: “VIVE-SE UM CLIMA DE COMPADRIO E MEDO EM TÁBUA”

“Em termos de dinamismo, de inserção na vida do país, o Dr. Ricardo Cruz está muito aquém do empresário Fernando Tavares Pereira. Este é um homem que se fez por si próprio, com muita luta, revela um grande espírito empreendedor que Tábua precisa”

Com Coimbra do seu amor aos pés – a entrevista teve lugar no Hotel D. Luís de onde se avista uma magnífica paisagem sobre a capital do Mondego – o Eng.º Barata Portugal fala com a autoridade de quem, agora com 82 anos, esteve durante três mandatos à frente dos destinos do concelho, de quem, com escassos meios financeiros ao seu dispor, desbravou os caminhos do desenvolvimento de Tábua, com uma obra que estará sempre na memória de todos os tabuenses. Apoia de forma inequívoca Fernando Tavares Pereira, sobretudo devido à obra feita e ao seu espírito empreendedor, lamentando que na comunidade se tenha perdido aquele espirito de união e sã convivência que foram características do seu tempo, em contraponto com um clima de nepotismo e medo.

O que o levou a estar presente na apresentação oficial dos candidatos do PSD/CDS em Tábua?

  Deve-se a várias coisas. Em primeiro lugar, à responsabilidade que eu tenho da criação do PSD em Tábua, no longínquo ano de 1974.Há, portanto, uma ligação sentimental cívica, obrigatória. Em segundo lugar, porque tenho Tábua no coração…

Por acaso, um dos slogans da campanha do PSD/CDS…

  Não sabia. Em terceiro, porque quis demonstrar o meu apoio à candidatura de Fernando Tavares Pereira, um realizador, um homem que soube desbravar o seu caminho e que mostra ter um espírito empreendedor que Tábua precisa.

O PSD de Rui Rio está muito dependente do resultado destas autárquicas? Está em jogo a sua própria sobrevivência?

   Não gosto de fazer críticas, mas este PSD é muito diferente dos meus tempos em que acompanhava Sá Carneiro, de quem era amigo de infância – apesar de ter tido com ele algumas divergências, cheguei mesmo a integrar o grupo de deputados apelidados de inadiáveis, que saíram do partido. Três meses depois, Sá Carneiro telefonou-me para me devolver o cartão. Mas, respondendo à sua pergunta, penso que sim, que está. Mas o partido está muito diferente. E para lhe dar um exemplo, eu sou militante em Coimbra do PSD e, nestes últimos vinte e cinco anos, fui convocado três ou quatro vezes para uma reunião. Isto demonstra que não se faz nada, que não se trabalha. Eu, em Tábua, trabalhava todos os dias, de manhã à noite. Quer que eu lhe demonstre que o partido está enfraquecido? Em 1975, o PSD perdeu as primeiras eleições. A partir dessa data, enquanto estive como presidente da concelhia, nunca mais perdeu eleições.

Qual era o segredo?

  O trabalho. Seis meses depois das eleições, eu sabia em que partido cada cidadão tinha votado. É aquele trabalho de sapa que não se faz, mas que é importante. E também trabalhava os chamados “camaleões”, aqueles que mudavam de partido. Li com muito agrado a entrevista que o Dr. André Rui Graça, candidato à Assembleia Municipal e Mandatário para a Juventude da campanha do PSD em Tábua, deu ao vosso jornal. Falou num especto que é essencial: a Cultura. No meu segundo mandato, eu também destaquei esse aspeto, embora me tivessem dito que a Cultura não dava votos. Mas a falta dela também não dá nada!

Em Tábua, a Cultura é um pouco elitista…

  É preciso ter uma visão dos assuntos todos. Tábua tem falta de espírito de individualidade. Se reparar, uma parte do concelhotende para Oliveira do Hospital, outra para Arganil, outra para Penacova. É um concelho que foi roubado a essas regiões todas  depois da história do João Brandão. Nunca conseguiu criar um espírito de união e isso é muito importante para desenvolver o concelho. No meu tempo, consegui criar em Tábua um bom ambiente social, havia tertúlias com pessoas de diferentes partidos. Como Presidente da Câmara eu nunca parava no gabinete. Ia para a rua, para as aldeias, ouvir as pessoas, auscultar os seus problemas, às vezes, encontrar dificuldades as quais, os próprios munícipes às vezes nunca sentiram. Se um Presidente de Câmara não for humilde, nunca vai a lado nenhum. Isso deteriorou-se tudo. Instalou-se o espírito de que quem não está comigo está contra mim. Agora, vou a Tábua e não encontro ninguém nas ruas. Os cafés estão desertos, as lojas vazias ou fechadas. Parece que está tudo com medo do vizinho. E é pena, porque o povo de Tábua é o melhor povo que eu encontrei: amigo da sua terra, das suas origens, reservado, mas maravilhoso.

 Esse medo existente tem a ver um pouco com a cultura politica atualmente existente, quase posso dizer, são resquícios salazarentos?

  Uma cultura clientelista e de nepotismo que tem existido ao longo destes últimos anos.

Portanto tem a visão de um concelho que está estagnado, que parou no tempo?

  Isso é próprio dos socialistas. Todos os dias oiço o noticiário e estou sempre na ânsia de ouvir coisas sobre Tábua. É um concelho do qual geralmente nunca se fala.

Que diferenças mais notórias vê entre Fernando Tavares Pereira e Ricardo Cruz?

   Não conheço o Dr. Ricardo Cruz. Ouvi dizer, vagamente, que era professor de Ginástica. Mostrem-me o seu currículo para ver o que é, o que fez de relevante Mas, de certeza absoluta, em termos de dinamismo, de inserção na vida do país, está muito aquém do empresário Fernando Tavares Pereira. Este é um homem que se fez por si próprio, com muita luta. Recordo-me  de ele ter uma pequena oficina de metalomecânica e foi singrando até construir um império empresarial, dono de hotéis, de centros de inspeção, empresas agrícolas. É um industrial com um grande gabarito. É desse espírito empreendedor que Tábua precisa. Portanto, se eu tiver de escolher entre os dois, terei de optar por Fenando Tavares Pereira.

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 “ Para se ganhar eleições é preciso muito trabalho. Seis meses depois das eleições, eu sabia em que partido cada cidadão tinha votado. E também trabalhava os chamados “camaleões”, aqueles que mudavam de partido. É aquele trabalho de sapa que não se faz, mas que é importante”

“Todos os dias oiço o noticiário e estou sempre na ânsia de ouvir coisas sobre Tábua. É um concelho do qual geralmente nunca se fala”

“Não conheço o Dr. Ricardo Cruz. Ouvi dizer, vagamente, que era professor de Ginástica”

“O povo de Tábua é o melhor povo que eu encontrei: amigo da sua terra, das suas origens, reservado, mas maravilhoso”

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