AFINAL, O QUE RESULTOU DA TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS DO CENTRO DE SAÚDE PARA A CÂMARA? MANTER O JARDIM E POUCO MAIS…

ESSE ACORDO NÃO PASSA PELA CONTRATAÇÃO DE MAIS FUNCIONÁRIOS NEM PELO RESTABELECIMENTO DAS URGÊNCIAS

  Na sequência da assinatura do auto de transferência da chamada descentralização de competências no domínio da saúde, o Município fez um acordo de colaboração com o Centro de Saúde, tomando para si a gestão do património não médico e pessoal auxiliar, tendo sido anunciado na última reunião do executivo que o edifício passava para propriedade camarária.

  No entanto, essa gestão do património resume-se à manutenção do jardim, do edifício a nível de reparações, como canalizações, eletricidade, pinturas, exceto reparações de material de uso médico (exemplo o autoclave de esterilização de material), que exige técnicos especializados.     

   Contrariamente ao que seria de supor, esse acordo não abrange a contratação de médicos, enfermeiros e pessoal de secretaria, por ser um sector que só a ARS pode legalmente gerir. Recorrer a médicos de empresas fornecedoras de serviços não resolve o problema, nem interessam e não há meios para a Câmara fazer esse tipo de contratos.

   O que se assiste neste momento é que há um progressivo esvaziamento das competências do Centro de Saúde. Refira-se a este respeito, desde que foi abolido o Serviço de Urgência, diferente do SAP (Serviço de Atendimento Permanente), que os materiais inerentes às funções de uma urgência deixaram de existir na unidade.

   Fontes do CS disseram a “ O Tabuense” que, apesar de estarem a lutar com muitas carências, acrescidas pela Covid-19, fazem o melhor possível para tentar segurar o serviço até às 20 horas, incluindo fins-de-semana e feriados. Há vários Centros de Saúde de concelhos limítrofes que não estão a fazê-lo, como é o caso de Oliveira do Hospital, que encerra às 18 horas e fecha aos fins-de-semana e feriados.

    Apesar das limitações, Tábua está a aguentar o “embate” e é de louvar esse esforço, apesar de nem sempre ser reconhecido pelo público. “Aqui, mesmo sem serviço de urgência, nunca foi negado o socorro a ninguém, médico nenhum eticamente o faria. Mas muitas vezes é uma perda de tempo precioso, apesar de fazermos o possível, exatamente por o atendimento complementar não estar munido de meios só existentes num serviço de urgência.”, referiram as mesmas fontes ao nosso jornal. A melhor solução e fica o apelo, em caso de acidente, sobretudo, em casa (já que na estrada os meios são outros), ou suspeita de doença súbita grave, deve-se ligar para o 112, que saberá o que fazer e para onde transportar o sinistrado/doente.

  Apesar de haver um atraso na renovação do receituário e credenciais, por exemplo, pelas razões óbvias, que seria de Tábua se perdesse o seu Centro de Saúde? Como fariam os doentes crónicos sem meios para ir a Arganil tratar desse assunto? Há que tentar obter toda a ajuda possível para o nosso Centro de Saúde, por todos os meios, mas também deve  haver da parte do público compreensão para as dificuldades, às quais, o pessoal ali destacado não é responsável. A responsabilidade passa pelas atuais políticas de saúde a nível nacional que implicam que não possa haver médicos de serviço 24 horas/dia no CS.

   Tudo depende do Ministério da Saúde, que por sua vez depende do das Finanças.

Texto: M.L.

Fotos: Manuel Pereira

A PALAVRA AOS CANDIDATOS

RICARDO CRUZ (PS):

“Relativamente às questões formuladas cumpre-me informar que o projeto político referente às próximas eleições autárquicas será apresentado oficialmente em dia a designar pela Direção de Campanha.

O interesse desta Candidatura do PS Tábua será sempre a procura da melhoria da qualidade na prestação de serviços de saúde e de proximidade, principalmente no que se refere a esta área”

FERNANDO TAVARES PEREIRA ( Coligação PSD/CDS-PP):

“O Centro de Saúde nunca deveria ter deixado o apoio à população de Tábua. Está limitado nas funções para que foi criado. O atual executivo, que o candidato do PS integra, permitiu que o Centro deixasse de funcionar 24 horas por dia, nada fez para alterar essa situação, e isso é inadmissível, quando se sabe que um dos preceitos constitucionais estipula um Serviço Nacional de Saúde para todos e em boas condições. Um facto particularmente evidente nesta altura de crise pandémica. É lamentável deixar chegar a saúde (e também a justiça) a este ponto no concelho, uma vez que tanto trabalho deu em dignificá-la e torná-la operacional a outros autarcas. Se for eleito presidente da Câmara vou pugnar para que essa situação seja alterada, incluindo, a reativação das extensões que havia em várias freguesias e que foram extintas.

Faça o primeiro comentário a "AFINAL, O QUE RESULTOU DA TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS DO CENTRO DE SAÚDE PARA A CÂMARA? MANTER O JARDIM E POUCO MAIS…"

Comentar

O seu endereço de email não será publicado.


*