“NÃO ESTAMOS EM ESTADO DE ALERTA”

RICARDO CRUZ DESDRAMATIZA SITUAÇÃO DE SECA SEVERA NO CONCELHO NA REUNIÃO DO EXECUTIVO

  E FRISOU QUE HOUVE MOMENTOS EM QUE AS “ÁGUAS DO PLANALTO” ATE CEDERAM O PRECIOSO LÍQUIDO A OUTROS MUNICÍPIOS QUE FORAM AFECTADOS PELA FALTA DE ÁGUA

OPOSIÇÃO ABORDOU O QUE CONSIDEROU SER A GESTÃO RUINOSA REALIZADA NOS ÚLTIMOS ANOS PELO EXECUTIVO PS E “QUE COMEÇA AGORA MUITO TENUAMENTE A SER REVELADA”. DÍVIDA À EDP NO QUE RESPEITA À ILUMINAÇÃO PÚBLICA ULTRAPASSA OS 400 MIL EUROS

  “Deixar Tábua melhor que encontrámos”, este foi o desejo expresso por Ricardo Cruz na reunião de Câmara efetuada no dia 23 de fevereiro e, no decorrer da qual, mais uma vez esteve em foco a situação financeira do Município. Não admira que uma das propostas avançadas nesta reunião tenha a ver com o conhecimento de terem sido estabelecidos acordos de pagamento de avultadas dívidas à EDP Comercial e à ADSE (Instituto de Proteção e Assistência na Doença), apresentado no “âmbito de um maior rigor e transparência, tanto para os elementos do executivo do PS, oposição como para todos os tabuenses”, como frisou o Presidente.

  Este ponto viria a ser alvo de uma intervenção por parte do vereador do PSD, Vítor Melo, sublinhando que “ a realidade da situação financeira do município de Tábua, e a gestão ruinosa realizada nos últimos anos pelo executivo do PS, começa agora muito tenuemente a ser revelada”.

   Em relação à dívida à ADSE, no valor de 96 494,07€, o social-democrata questionou onde estava registada quando foi feita a apresentação de contas.

  “Onde está a gestão transparente que o executivo do PS tantas vezes apregoa. Vezes sem conta alertei nas Assembleias Municipais da falta de entrega de elementos contabilísticos que originavam a falta de transparência dos factos. O surgimento desta divida é a prova da ocultação de responsabilidades e falta de transparência nas contas. E pergunto o que mais estará para vir”.

  E acrescentou: “Os 4 000 000,00€ de euros que fiz referência na apresentação do orçamento de 2020, que se encontravam descritos nas várias rubricas como “ OUTROS “ e que alertei para a falta de rigor orçamental, já eram indícios que muita coisa estava mal e indiciava a ocultação de factos. Ainda agora começou este mandato e tantas surpresas negativas já surgiram”.

   Em relação a este acordo de pagamento com ADSE, a bancada do PSD referiu que as responsabilidades têm que ser enfrentadas, resolvidas e não ocultadas e esquecidas”.E lembrou que “este era o caminho que a candidatura do PSD “ coragem para mudar “ queria implementar. Uma postura séria, responsável com soluções reais e uma total ruptura com a gestão ruinosa do executivo PS”.

   Em relação à divida para com a EDP (o acordo de pagamento no valor de 108 156,24€), o vereador salientou que a mesma é uma pequena parte da divida total à EDP, pois só referente à iluminação pública a divida é de 442 030,55€, à data de 18-02-2022.

  “Lamentamos tal atitude (dividas), que acarreta enormes custos ao erário público, só no acordo de pagamentos referente ao valor de 108 156.24€ os juros a pagar ceram de 3 573.38€. Imaginem os juros que eram pagos na divida a EDP referente à iluminação publica que é 442 030,55€. Foi com esta gestão ruinosa que chegamos (Câmara Municipal de Tábua) ao ponto actual, de ter que andar a fazer acordos de pagamento com fornecedores”, sustentou Vítor Melo, concluindo:

   “A falta de rigor orçamental,  de responsabilidade e seriedade na execução do orçamento e falta de coragem para resolver os problemas, foram algumas das causas deste desgoverno. Infelizmente o tempo veio a dar-nos a razão, e agora, todo se torna mais difícil, e os prejudicados são sempre os mesmos, os tabuenses”.

 Ricardo Cruz respondeu que os problemas são para resolver, frisando que “devemos estar todos envolvidos em melhorar a qualidade de vida dos tabuense e resolver os problemas que estão afetos, nomeadamente as questões financeiras que “nos levam a tomar posições futuras com algumas mágoas, mas tem que ser”, frisando que a Câmara não pode continuar a pagar os encargos que tem com a iluminação pública, falando em estudos para saber quais as medidas a tomar.

 Foi aprovado por todos os vereadores a prorrogação do prazo de transferência das competências no domínio da Ação Social, propondo-se que o mesmo só tenha efeitos após a concretização do Orçamento de Estado, proposta que seria validada dois dias depois pela Assembleia Municipal. Sublinhe-se, a propósito, que numa reunião efetuada no dia 25,em Penacova, a Comunidade Intermunicipal ( CIM) da Região de Coimbra contestou, por unanimidade os critérios que estão subjacentes à transferência dos valores na área da ação social e da saúde no âmbito do processo de descentralização de competências. Ou seja, a CIM quer perceber a razão de ser da discrepâncias de valores alocados a cada um dos municípios, sendo cada vez mais claro que o governo central quer transferir encargos nas várias áreas à custa dos municípios, não canalizando as verbas necessárias para que o possam executar de uma forma eficiente.

  Mas voltando à reunião do executivo, ficamos finalmente a saber o que pensa o Presidente da Câmara sobre a situação de seca no concelho, já que se recusou  responder a uma pergunta que “O Tabuense” lhe colocara sobre o mesmo assunto na passada edição.     

  Respondendo a uma questão formulada pela vereadora do PSD, Alexandra Martins – ao considerar a “situação preocupante” numa região que vive da agricultura e da pastorícia, indagando se o município já fizera um levantamento junto dos agricultores e criadores de gado – Ricardo Cruz explicou que era uma questão global que ira afetar todos os municípios e seria importante que o tema fosse abordado para sensibilizar o cidadão para as práticas corretas ambientais contribuindo para minimizar os impactos das alterações climáticas. Referiu que já tem reuniões agendadas com a ANCOSE, sublinhando que não há indícios que estejamos a atravessar uma fase dramática em termos de abastecimento, frisando que houve momentos em que as Águas do Planalto até cederam o precioso líquido a municípios que estiveram sem água. “Os dados que temos é que a barragem que nos abastece está a 71 por cento da sua capacidade”, revelando que “estamos a monitorizar com alguma apreensão, mas não estamos em estado de alerta”.

 Nesta reunião foi ainda aprovada a delimitação das áreas de reabilitação urbana (ARU`S) de Midões, Mouronho, Sevilha e Vila Nova de Oliveirinha, traduzindo-se numa substancial diminuição dos impostos (por exemplo, 6 por cento de IVA nas obras a realizar, podendo estas ter um caracter coercivo).

ASSEMBLEIA MUNICIPAL APROVOU POR UNANIMIDADE VOTO DE PESAR PELA SITUAÇÃO NA UCRÂNIA

FICOU A SABER-SE QUE NO CENTRO DE SAÚDE DE TÁBUA EXISTE UM APARELHO DE RAIOS X MAS QUE ESTÁ DESATIVADO POR FALTA DE PROFISSIONAIS APTOS A TRABALHAR COM ESSE EQUIPAMENTO

   No dia 25 realizou-se a Assembleia Municipal onde foram ratificados alguns dos pontos aprovados no decorrer da reunião do executivo. Por unanimidade das bancadas do PS e PSD foi aprovado um voto de pesar pelos acontecimentos que se vivem na Ucrânia, “um momento trágico para todos”, referiu Paula Ribeiro do PSD, e um outro pelo falecimento de Eurico Amaral, antigo presidente da junta de freguesia de Espariz. De sinal contrário, traduziu-se a aprovação de um voto de reconhecimento à equipa de futebol feminino do GD Tabuense, que recentemente se sagrou campeã no Distrital de Honra de Coimbra em futsal, “elevando o concelho de Tábua”, como sublinhou Olga Nunes a deputada que apresentou este voto.

   A novidade foi a intervenção inicial de dois convidados, o Dr. António Queimadela Batista, coordenador do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Interior Norte e o Dr. António Capela Daniel, coordenador do Centro de Saúde de Tabua. Ambos relevaram o papel que o Serviço Nacional de Saúde tem desempenhado nos dias em que o país tem sido assolado por uma pandemia, relevando a necessidade de o rentabilizar e atualizá-lo “para bem de todos nós”. Foi destacada a má distribuição dos profissionais de saúde, ausência de incentivos financeiros, principalmente para quem queira fazer carreira no interior do país, os custos elevados na formação de médicos que, depois, são aproveitados pelo sector privado, defendendo o Dr. Capela Daniel um prazo mais ou menos alargado para que prestem serviço na função pública logo que terminem os seus cursos, defendendo o incremento das consultas telefónicas ou teleconsultas em vez das presenciais, evitando deslocações desnecessárias, bem como a instalação de uma rede hospitalar periférica a Coimbra, de forma a não sobrecarregar o CHUC, falando em se repensar o hospital de Miranda do Corvo.

   O Dr. Queimadela Batista destacou a adesão dos portugueses à vacinação COVID-19, com taxas de cobertura muito elevadas, referindo que os tabuenses e a população geral cumpriram exemplarmente as recomendações dadas durante o período complicado da pandemia. Numa intervenção que se seguiu sobre esta matéria (deputada Lúcia Neves, que é enfermeira) ficou a saber-se que no Centro de Saúde de Tábua existe um equipamento de raios x que não está a ser utilizado porque “faltam profissionais para trabalhar com ele e isso arrasta-se há anos”, o que vem dar razão à intervenção do Dr. Capela Daniel que o SNS pode ser fundamental, mas falta “rentabilizá-lo”, sobretudo, investir em técnicos que utilizem esses equipamentos de forma a não os deixar desativados e a deteriorarem-se.

TEXTO E FOTOS: JOSÉ LEITE

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