FALTA DE MARCAÇÕES NAS ESTRADAS PÕE EM PERIGO O FUTURO DOS CENTROS DE EXAMES EM TÁBUA

RICARDO CRUZ: “TEMOS DE SER SINCEROS COM AS ASSOCIAÇÕES.O VALOR QUE VAI SER PROPOSTO É AQUELE QUE EFECTIVAMENTE A CÂMARA PODE PAGAR”

  Talvez imbuída do espirito natalício, a reunião pública de Câmara do passado dia 23 decorreu sem grandes crispações políticas, com os pontos incluídos no período da ordem do dia a serem votados por unanimidade pelas bancadas do PS e do PSD. Foi o caso da alteração ao regulamento municipal de atribuições de apoio à reconstrução de habitações não permanentes afetadas pelos incêndios de outubro de 2017, com Ricardo Cruz a esclarecer que em janeiro serão saldados cerca de 203 mil euros com os três proprietários em falta num conjunto de catorze. Um regime excecional que visa salvaguardar os interesses dos tabuenses que não cumpriram os prazos estipulados. Vítor Melo focalizou o caso dos construtores que se mostram preocupados com o aumento dos custos dos materiais utilizados nessa reconstrução, “os quais não vão conseguir cumprir o orçamento e terão prejuízo se não houver retificação dos preços”. Ricardo Cruz especificou que não fecha as portas à análise dessa possibilidade, apesar do prazo de entrega da conclusão da obra ter sido ultrapassado e essa responsabilidade não poder ser assacada ao município. O vereador social-democrata Fernando Tavares Pereira lamentou a atitude do anterior executivo para defender os interesses dos agricultores, comerciantes e empresários vítimas da tragédia, e do governo que fez investimentos em locais onde não houve incêndios, mostrando-se favorável à revisão de preços, exortando a Câmara a tudo fazer para que esses lesados sejam ressarcidos dos seus prejuízos.

   Foi igualmente votado por unanimidade o Plano de Emergência e Segurança contra Riscos de Acidentes de Poluição para a praia fluvial da Ronqueira, uma decisão que teve em vista a candidatura desta praia à atribuição da Bandeira Azul que irá ser discutida no dia 15 de janeiro.

  E para reforçar esse tom ameno com que decorreu a reunião não faltou a entrega por parte do vereador António Oliveira (PS) aos elementos da oposição de um para-sol que se inclui na II Tábua de Igualdades alertando para o tema da violência doméstica, e que está exposto nas carrinhas das IPSS e nas viaturas do município.

    Outra das medidas anunciadas pelo Presidente foi o lançamento do Balcão SNS “Porque a Junta está + perto”. O Balcão será um espaço gerido pelas juntas de freguesia, onde serão prestados serviços relacionados com o Centro de Saúde, facilitando e promovendo o acesso dos cidadãos aos serviços de saúde, evitando deslocações desnecessárias à instituição e facultando uma melhor gestão, ainda que à distância, da saúde individual. Aqui poderão ser efetuados os seguintes serviços: marcação/desmarcação de consultas; pedido de receituário cronico/gestão terapêutica; agendamento de vacinas e outros atos de enfermagem; emissão de credenciais de transporte; possibilidade de agendamento conciliado para otimização da deslocação de idosos.

   Elogios vieram da parte do vereador do Desporto, David Pinto, para a equipa de atletismo da Comissão de Melhoramentos de Percelada, que obteve excelentes resultados, nomeadamente, num torneio realizados pela ADAC – Associação Distrital de Atletismo de Coimbra (com quatro primeiros lugares) e numa prova de corta-mato distrital em Mira a equipa obteve um terceiro lugar. Fruto desses bons resultados, dois atletas de Percelada foram selecionados para participar num estágio da ADAC.

  Quebrando um pouco este ambiente quase fraternal incutido pelo executivo do PS, o vereador do PSD, Fernando Tavares Pereira, abordou as deficiências que apresenta o saneamento básico em várias localidades, citando o nome de algumas delas, com particular destaque para a aldeia de Loureiro, um problema grave que se acentua durante o verão, sublinhando que “é um dever do município fazer estes trabalhos para o bem-estar e saúde de todos”.

  Enumerou algumas estradas quase intransitáveis, cheias de buracos, exemplificando o troço ligando Mouronho a Meda de Mouros e no bairro do Coito, em Midões, “coisas tão simples e baratas mas que falta pôr em prática”.

  E voltou a sublinhar ter sido de novo contactado pelos empresários dos Centros de Exames de Condução preocupados pelo facto da falta de sinalização nas estradas poder levar a que Tábua perca essa concessão devido ao incumprimento dessa medida incluída no decreto- lei.

   Denunciou ainda o facto de milhões de euros que vieram da União Europeia destinados ao desenvolvimento regional em várias localidades do interior terem sido investidos em “localidades que tudo têm e nós nada temos”. E dirigindo-se ao Presidente da Câmara, disse: “ Quem esteve no poder, não teve capacidade para exigir os nossos direitos. O que estão a fazer as CIM? Exija o que for para exigir, Sr. Presidente, e, se for preciso, conte connosco para defender Tábua e o interior, porque todos juntos, nós venceremos”. O vereador do PSD sustentou ainda que Tábua vai perder muito dinheiro com a delegação de competências em várias áreas sectoriais. ”O Governo exigiu, vocês assumiram, o problema é que esse mesmo Governo não se responsabiliza com os custos dessas transferências. Mais uma vez as CIM falharam”, mostrando-se particularmente crítico com o papel destas,pois, no seu entender,  só servem para os municípios pagarem as suas cotas e atribuir bons salários a funcionários públicos.

   Vítor Melo, também do PSD, focalizou a grave situação financeira que vivem muitas instituições do concelho devido à falta de cumprimento dos protocolos estabelecidos com o Município com essas instituições. ”Esses protocolos são previamente definidos no orçamento pelo que não se compreende que não sejam respeitados”, disse.

   Respondendo às questões levantadas pela oposição, Ricardo Cruz relevou que a Câmara está empenhada na resolução do saneamento básico, “prova disso são as obras em curso que irão alavancar em mais dez por cento os 67 por cento de cobertura que existe no nosso Município a esse nível”, acrescenta do que pelo facto ed esse estar a viver num território de baixa densidade esses custos serão sempre diferentes e mais caros em relação aos meios mais urbanos”. E esclareceu o constrangimentos atuais que levam a que as obras demorem mais tempo a concluir, mencionando a falta de meios humanos e materiais, prometendo que “este será um bom mandato em termos de cumprimento do saneamento básico, segundo dados da ERSAR”.

 “Até haver uma casa no concelho sem saneamento básico não estaremos satisfeitos”, sublinhou o Presidente, que prometeu que a reconstrução do troço entre Meda de Mouros e Mouronho será uma realidade dentro em breve, pois as obras já foram alocadas, citando, para o efeito, o empréstimo contraído pela edilidade no valor de 2,5 milhões para a reformulação das estradas no concelho. ”Quando não temos dinheiro suficiente para fazer as obras temos de fazer escolhas”, salientou Ricardo Cruz. O edil mostrou-se ainda disponível para receber os representantes das escolas de condução, sabendo que “diretamente a Câmara não tem responsabilidade na gestão desses centros”, prometendo que, a breve trecho, a obra de recuperação nos pavimentos em redor dos mesmos. Em resposta à questão de falta de financiamento às associações, referiu que que qualquer dinheiro que o município possa protocolar para as suas tarefas “não chega”, frisando que o valor a negociar em futuras “tranches” não será aquele que as associações esperam que seja, “mas terá de ser o valor que Câmara de Tábua possa pagar”, frisando que tem que acabar a espera de vários meses para se pagar esse contributo. “Nós temos de ser sinceros com as associações”, vincou.

Texto: José Leite

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