“É PRECISO MUITO TRABALHO”…

JOSÉ OLIVEIRA, UM HISTÓRICO COMUNISTA TABUENSE, SOBRE O MAU RESULTADO DA CDU NO CONCELHO:

A CDU foi praticamente “varrida” do mapa eleitoral em Tábua, não conseguindo eleger um único representante para os vários órgãos autárquicos. José Oliveira comenta esse mau resultado e fala sobre o mandato de Ricardo Cruz, fazendo votos que governe para as pessoas e não para as elites.

A que atribui o mau resultado da CDU no concelho, uma coligação da qual chegou a ser figura dominante?

Com efeito, nas últimas eleições apenas a coligação PSD/CDS subiu. O próprio PS desceu, e houve uma abstenção de cerca de 30 por cento. A CDU teve um mau resultado. mas o caminho faz-se…caminhando. Quando fui eleito em 2009 obtive 269 votos e estive na Assembleia Municipal. Foi a consequência de muito trabalho, de ouvir as pessoas. Eu vinha de propósito de Sintra para atender duas ou três pessoas. E fiz isso praticamente todas as semanas. Quando me dedico a uma causa é para cumprir. Graças a esse esforço, nas eleições seguintes a CDU passou para mais de 500 votos  e quase fui eleito vereador, faltou apenas um voto para eleger o segundo membro da AM e conseguiu-se 5 eleitos nas assembleias de freguesia. Repito: é preciso muito trabalho

A DORC do PCP de Coimbra diz que o partido foi vítima da bipolarização no distrito? É da mesma opinião?

Na zona das Beiras houve sempre esse problema da bipolarização entre o PS e o PSD. Mas isso não pode servir de desculpa. Mas voltando ao mau resultado da CDU: penso que, com a pandemia, houve um trabalho que não foi concretizado. Um velho comunista disse-me um dia: o partido é como se fosse um comboio: entra e sai gente nos vários apeadeiros mas o objectivo é sempre chegar ao destino. Não podem ser descurados os 100 anos da história do partido, as suas figuras ilustres que ditaram a sua alma. E é com base nessa história de decénios que devemos acreditar numa nova alvorada…é preciso começar a trabalhar!

Portanto, queixa-se que não houve trabalho eleitoral em Tábua e que, por isso, a CDU foi praticamente riscada do mapa eleitoral?

Verdade. O porta a porta é fundamental. A comunicação social não pode fazer apenas esse trabalho de divulgação. Eu sou do tempo em que não havia aqui em Tábua praticamente nenhuma imprensa e obtínhamos votos, havia eleitores. E recordo com saudade o ilustre diretor do Jornal de Tábua, o Fernando Pinto, que era uma pessoa aberta, um democrata, que publicava os nossos comunicados.

O que espera do mandato que agora se inicia do Dr. Ricardo Cruz?

Eu teria adorado fazer um debate com o Dr. Ricardo Cruz se fosse eu o candidato da CDU. Eu nunca fugi aos debates, é uma forma de levar a nossa mensagem ao povo.

Uma crítica implícita à candidata da CDU que recusou esse debate alegando motivos pessoais, motivando idêntica recusa de Ricardo Cruz?

Nem sabia que ela não participou alegando motivos válidos. Mas o Dr. Ricardo Cruz veio da juventude, fez a sua vida política de baixo para cima. Mas não podemos esquecer que tem muita responsabilidade na atual política do concelho. Não foi vereador durante o último mandato? O concelho está estagnado, não desenvolveu, apesar dos seus antigos governantes dizerem o contrário . Basta ir às aldeias e ver a qualidade de vida das pessoas, não há apoio ao comércio local (basta ver no centro da vila as lojas que estão fechadas), a inexistência do comércio nas aldeias, contrariamente ao que havia no passado, em que praticamente em todas as aldeias havia pelo menos uma mercearia. E depois há dezenas de casas em ruínas. Pode ser que com a “bazuca” financeira se possam agora recuperar….Veja o que se passa em Ázere, a minha terra, onde sou muito acarinhado ( e aqui o meu obrigado às suas gentes)…até as luzes lá apagam mais cedo, parece que somos discriminados…

Mas voltando ao Dr. Ricardo Cruz, acho que não precisa de fazer muito para ser diferente do seu antecessor. Gostei da ideia dele de promover as presidências abertas pelas várias freguesias, um propósito que eu lancei. É um ato inovador, diria, mesmo, revolucionário. É uma forma de apoiar as freguesias. Há a expetativa que possa fazer uma política diferente, virada para as pessoas, e não para as elites.

Texto e fotos: José Leite

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