PAZ, NATUREZA E CAVALOS NUMA PAISAGEM DE ENCHER O OLHO. EMPRESÁRIO LAMENTA QUE NÃO HAJA UMA DIVULGAÇÃO DOS PONTOS TURÍSTICOS MAIS INTERESSANTES EM TÁBUA.
“ O melhor das férias no campo são as pequenas coisas, os simples prazeres que estão sempre ligados às nossas memórias”, refere-se no slogan promocional da “Quinta da Alegria – Portugal By Horse”, em Midões.
Uma máxima que se adapta perfeitamente a este alojamento turístico, onde se juntam, numa harmonia perfeita, a natureza, cavalos e paz de espírito. João Cabrita e Liesbt Vammeste, uma cidadã belga, são os anfitriões da visita que fizemos a este lugar que é um pequeno paraíso rodeado de verde, onde os animais andam em liberdade. A casa rústica e onde a madeira é um material em destaque, sobressai no alto do jardim. Ao fundo, a piscina com água salgada, um terraço para uma paisagem deslumbrante e, ao lado, o picadeiro. A beleza dos cavalos ressalta logo à vista e o cuidado posto no seu tratamento, ou não sejam eles uma peça fundamental nesta estrutura turística.
”Temos aqui três componentes: o alojamento, as atividades lúdicas de turismo, englobando os passeios a cavalo em que podem participar pessoas inexperientes, a agricultura com certificação biológica”, refere João Cabrita.
“Temos treze cavalos, todos de uma geração mais nova. Os mais velhos fazem coisas simples, por exemplo, passeios com crianças. Os que têm menos idade são utilizados nas longas distâncias, seguindo sempre percursos determinados: São Geraldo, Vila Chã e que duram no máximo duas horas”, acrescenta.
Liesbet Vammeste não se cansa de elogiar Portugal, Conta que veio cá passar férias há uma vintena de anos e por aqui ficou. ”O clima não foi principal factor motivador, mas sim, a natureza que está ainda num estado selvagem”.
A casa tem cinco alojamentos, com capacidade para albergar cerca de vinte pessoas e está totalmente equipada. A classificação do empreendimento inclui-se no grupo das “Casas de Campo” e a média do aluguer ronda os 65 euros/dia para duas pessoas. No ano passado tiveram noventa por cento de cancelamentos, porque os hóspedes eram maioritariamente estrangeiros e havia regras apertadas de circulação de pessoas devido á Covid-19.
“Apesar de tudo, conseguimos encher a unidade com portugueses. Este ano, neste mês de junho, temos recebido igualmente bastantes cidadãos nacionais”. As reservas podem ser feitas através da plataforma AIRBMB – Escapada Rural, Nature House ou diretamente para www.PORTUGALBY HORSE.COM.
Ao longo do ano, os turistas que aqui estejam alojados podem participar nas atividades agrícolas. Paralelamente, fazem aulas de iniciação e treino com cavalos. Estes são de várias raças. Desde os tradicionais Lusitanos, Haflinger, que vieram da Áustria, os Garranos, há ainda um cavalo real holandês, assim designado por ser utilizado pela nobreza dos Países Baixos.
Liesbret lembra o dia do grande incêndio de 2017 que consumiu a vegetação e as árvores em redor e deixou incólume, por milagre, a casa. ”Não ardeu por que fomos à luta. Andámos a correr de um lado para o outro a apagar os focos apenas com os pés. Terrível foi quando retiramos as botijas de gaz, se explodissem seria o fim do mundo”. Recorda aquela viagem alucinante rumo a Oliveira do Hospital para verificar qual a localização do fogo e, de repente, viram-se cercados pelas chamas no Cadoiço. “Gritei, my God ao ver aquele túnel de fogo. Se depois da tragedia pensei regressar ao meu país? Não, eu já estou aqui há anos, já lutei contra muitos fogos. É uma realidade com que temos de viver, principalmente no verão”.
Ambos não têm dúvidas: pouco se tem feito nesta região em termos de prevenção. ”Nós é que estamos a cortar os matos. Lembro-me que a Caule limpou isto tudo uma vez, meses antes do incêndio, ficou tudo uma maravilha, mas, depois, deixaram de o fazer”, frisa Liesbet.
João caldeira aponta, por seu turno, várias falhas em termos de promoção do turismo em Tábua: “Não está ser feita a valorização do Centro Histórico de Midões, pois esta localidade é que tem história no concelho de Tábua. Os solares, o pelourinho, a antiga prisão, o convento, são magníficos e poderiam ser polos de atração turística. E depois, não há uma divulgação dos pontos turísticos de interesse em Tábua. Quando vou ao site consultar o que há no concelho, verifico que há muito pouca informação. Não se valoriza igualmente a gastronomia, as padarias que são uma tradição. Por exemplo, nós não servimos aqui refeições, preferimos aconselhar os hóspedes a visitar os restaurantes que há nos arredores. Queremos crescer mas também possibilitar que a vila cresça igualmente. O Poder Local tem uma palavra a dizer nesse impulso, nessa força que falta”.
O empresário não tem dúvidas em afirmar que “os estrangeiros valorizam muito mais a natureza do que os portugueses, isto aqui é um paraíso”. E nós concordamos plenamente.
Texto: José Leite
Fotos: Nuno Pereira
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