CASA DO PISÃO: O ENCONTRO DA NATUREZA E ANIMAIS EM TODO O SEU ESPLENDOR

Se há lugares tocados pela mão de Deus, a Casa do Pisão, ali
para as bandas de Ázere, é um desses locais. O que se destaca
neste pequeno paraíso é uma harmonia perfeita entre humanos,
animais e a natureza, onde se pratica a agricultura biológica que se
torna também uma experiência curiosa para os turistas que ali se
hospedam. Foi a concretização do sonho acalentado por um casal,
a Cláudia (de nacionalidade inglesa que em terras de Sua
Majestade era animadora cultural) e o companheiro, Leon (sul
africano). Através de uma consulta pela internet, adquiriram há sete
anos atrás esta quinta com o propósito de nela encontrarem um
estilo de vida mais simples e ecológico. Não foi fácil, como referem:
enfrentaram o grande incêndio de 2017 que afetou parte da
propriedade, mas a casa, revestida de granito e madeira ao estilo
tradicional das Beiras, não chegou a ser atingida.

”Não tivemos nenhum apoio das entidades públicas para instalar este
empreendimento. A burocracia é um problema aqui em Portugal,
muita papelada para tratar das cosas simples”, frisa Cláudia. Mas
sentem-se bem aqui em Tábua, onde encontram tudo aquilo que
precisam, elogiam as pessoas, a pacatez que se vive nesta união
com a natureza. E aproveitaram para desenvolver este seu negócio,
já que Leon teve anterior experiência semelhante na Turquia.
A casa tem capacidade para alojar grupos até 6 pessoas. Podem ali
preparar as suas refeições na cozinha, desfrutando de uma
utilização exclusiva de tudo o que a quinta tem para oferecer
(piscina, equipamento de pesca, bicicletas de montanha, caiaque
em família).No futuro, tencionam receber grupos para visitas
guiadas.

Revigorante o cenário que se desfruta de uma das varandas para
um dos braços da barragem da Agueira, onde, nas águas, é
possível ver lontras a patos em total liberdade, um deleite para os
olhos e para a alma. Os escombros de um moinho e de uma ponte
avultam na paisagem, símbolos de um passado distante em que o
Mondego era aproveitado para múltiplas atividades, agora caídas
em desuso.

Num dos cantos da quinta, passeia-se um grupo de seis alpacas,
um animal que se mostrou algo tímido e temeroso face à
aproximação de um outro “habitante” da quinta, a pónei Princess
Filomena, que olhava, curiosa, o grupo do cimo de um dos
socalcos.

Cláudia quer dar a conhecer aos portugueses e turistas que ali se
desloquem os atributos destes animais que ela cuida com grande
carinho, adquiridos na quinta do Monte Frio, em Benfeita, tratando-os
pelo seu nome próprio: a Alpar Pashan, a Ameixa, que na quinta
tiveram três filhotes. Por exemplo, os seus excrementos são utilizados
com bastante eficácia como adubo na agricultura biológica, sendo
facilmente absorvidos pelos solos. E a lã fofa destes animais (estes da
Casa do Pisão já estavam tosquiados) tem um valor comercial alto. Há
cerca de 20 cores pelo que não têm de ser tingidos, ficando um
produto final o mais natural possível. A lã é também hipoalergénica
sendo muito usada para fazer, por exemplo, roupa de bebé. Os fios
são resistentes e os artigos podem durar muitos anos. De resto, com
aqueles olhos expressivos, a franja cortada, os dentes grandes e a lã
fofa, são bichos que conquistam, à primeira vista, qualquer pessoa
dada a animais e isso mesmo tivemos oportunidade de constatar
nesta nossa primeira experiência com eles.

A quinta com 4,5 hectares comporta ainda um espaço para a
agricultura biológica. Frutas, legumes, tomateiros, corjetes, ervas para
condimentos são ali cultivados, com resguardos instalados devido ao
“ataque” dos patos vindos lá de baixo, da margem do rio.
Ultrapassado que parece ter sido a fase mais grave da pandemia, em
que tiveram de fechar, a Casa do Pisão já está praticamente lotada
nestes meses de verão. Destacam-se turistas vindos do estrangeiro
que aqui encontram aquela tranquilidade e um clima ameno, a preços
bastante acessíveis, a rondarem os 100 euros/ noite. “Devido à Covid,
recebemos no ano passado mais clientes portugueses”, acentua
Cláudia. Acreditam nas potencialidades turísticas em Tábua, “o pior é
a burocracia existente”, sublinham de novo, revelando que estão a ser
criados roteiros turísticos para turistas, o que entendem ser uma
“medida muito positiva”.

Contactos casadopisao@outlook.com
Texto: José Leite
Fotos: Nuno Pereira

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