É UMA ESPÉCIE DE MONARCA (É TUDO ÀS MINHAS ORDENS) DE MIDÕES, DIZ SER DESCENDENTE DE VISCONDES E TEM CONTESTADO AS DESIGNAÇÕES DE UMA NOVA UNIDADE HOTELEIRA QUE IRIA PÔR A LOCALIDADE COMO UMA DAS REFERÊNCIAS NO TURISMO NACIONAL.
Hugo Filipe Gonçalves Gomes da Silva, um médico da AstraZeneca que diz ter raízes brasonadas, autointitulando-se herdeiro do 2º Visconde de Midões, contestou junto do Instituto Nacional de Propriedade Industrial as marcas que Nuno Tavares Pereira pretendia usar para designar o hotel e a “rota turística” que está a construir em Midões.
Na contestação, Hugo refere que, em 2018 adquirira um conjunto de bens respeitantes à Casa de Midões, pertença do antigo 2º Visconde de Midões, nomeadamente, um Palácio, e outros bens situados na povoação, dizendo ser seu parente afastado, apresentando, para o efeito na sua contestação, uma Árvore Genealógica.
“Por outras palavras, o reclamante adquiriu a Casa de Midões que constitui o “chapéu” que congrega na sua esfera um conjunto de bens – entre os quais, o referido palácio, talvez a face mais visível deste acervo patrimonial”, sublinha no documento.
Fala nos investimentos que tem feito em Midões, mas que devido aos seus compromissos profissionais (diz ser diretor médico da AstraZeneca Portugal, responsável Global pelo Departamento de doenças infecto- contagiosas daquele laboratório e um dos coordenadores do desenvolvimento de uma das vacinas contra a Covid-19), “os investimentos têm avançado de um modo mais lento do que o esperado, mas têm ainda e sempre avançado”.
O jornal “O Tabuense” enviou para o departamento da AstraZeneca em Portugal uma confirmação dos cargos desempenhados por Hugo Gomes da Silva, dado não haver qualquer referência à sua pessoa no site oficial do laboratório. Sendo que até ao fecho desta edição não nos chegou qualquer resposta.
“Por outro lado tem já o “Monarca” conhecimento que deu entrada no mesmo dia 21 de outubro um pedido de registo da marca nacional “Hotel Rural de Midões”, sublinhando ser uma “estratégia delineada que visa prejudicá-lo, colocando em risco os avultados investimentos do último”.
Nuno Pereira, proprietário do hotel em conjunto com o irmão, contesta o pedido do médico. ”Há um ano que andamos a tentar registar o hotel apresentando várias designações. Tentámos o Hotel Rural de Midões, depois o Palace Hotel de Midões e a Casa Visconde de Midões, tendo por base as ligações que temos à nossa propriedade que tem um pálacio. Mas, entretanto, esse “investidor” que recentemente adquiriu uma série de imóveis em Midões, contestou os nomes todos, um facto que tem inviabilizado e atrasado toda a programação do lançamento do hotel”, sublinha o empresário. Afirma ainda que estava nos seus planos iniciar a promoção do hotel e dos circuitos turísticos para os enviar para as agências de viagens e operadores, nacionais e no estrangeiro, ”mas, naturalmente, não consigo indicar o nome correto, pois podem vir dizer que não posso usar essa designação”.
“ Nos circuitos turísticos já temos a Rota do João Brandão que foi autorizada e até esse nome “João Brandão” o médico está a contestar”, frisa Nuno Tavares Pereira, adiantando que os edifícios que Hugo Gomes da Silva diz estar a reformular em Midões estão todos abandonados, achando igualmente estranho que o mesmo alegue que interrompeu a reformulação dos imóveis em Midões (2018) por ser responsável pela vacina contra o vírus, “quando este apenas surgiu em 2020”.
E acrescentou: “Neste momento ainda não temos um nome definitivo, embora a obra esteja prevista ser concluída para este ano, tendo sido já investidos cerca de meio milhão de euros.
Sublinhe-se ainda que o projeto foi apresentado em 2014 e sofreu alguns reveses com o incêndio de 2017 que destruiu o edifício. “Fizemos algumas alterações, passou para hotel rural. Havia uma candidatura aberta, logo após os incêndios para as zonas afetadas e foi aprovada pelo IAPMEI”, referiu Nuno Pereira.
O projeto passa por recriar conceitos de ecoturismo que estão muito em moda, com circuitos pedestres e de cicloturismo a partir da unidade com passagem obrigatória pelos vestígios históricos existentes na região, como é o caso da Ponte Romana situada na freguesia ou a povoação romana da Bobadela, os pelourinhos, as sepulturas antigas em Touriz, a Casa do Esporão e os locais que contam os mitos de João Brandão.
”Iremos ter bicicletas elétricas, com rotas cicloturismo e pedrestres, estando também preparada uma rota mais religiosa.
É importante dar a conhecer esta nossa região e dinamizar com os restantes operadores todas as potencialidades locais.
A ideia é aproveitar esta nova vaga de turismo que procura um turismo mais ambiental, ao mesmo tempo que os clientes podem escolher este espaço para trabalhar, longe do bulício das grandes cidades”.
No espaço foi construído um anexo para reuniões, eventos e para acolher os “nómadas digitais”, tendo a unidade 14 quartos (alguns com banheira de hidromassagem), restaurante e bar, estando virado para o pomar das pereiras designadas Tavares (uma espécie de qualidade ímpar e que é uma produção própria da família).
Face às ambições do responsável da AstraZeneca em adquirir vários edifícios na zona histórica de Midões, este hotel pertença da família Tavares Pereira, assume-se como uma espécie de “aldeia de Astérix”.Mas essas dificuldades, naturalmente, não irão inviabilizar este negócio que muito irá privilegiar a freguesia de Midões e toda a região, com uma História reconhecida ao longo dos tempos.
“Os beirões são resilientes”, diz-nos Nuno Pereira, a terminar.
Texto: José Leite
Fotos: Manuel Pereira
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