“ENTRISTECE-ME VER QUE MUITOS TABUENSES NÃO SE SENTEM BEM NA SUA PRÓPRIA TERRA. É FUNDAMENTAL TRABALHAR PARA QUE SE SINTAM FELIZES E INTEGRADOS”
Luís Jesus começa por responder a uma notícia que o visou diretamente relacionada com um caso ocorrido há mais de vinte anos – sinal que os socialistas e quem os apoia não aprenderam a lição das últimas legislativas quando tentaram inquietar Montenegro com o caso da sua empresa familiar e o “tiro” lhes saiu pela culatra ;refere que o seu programa eleitoral será baseado no que ouvir num contato direto com as pessoas das freguesias, pretendendo passar para o papel todos os seus anseios e preocupações, pois são as pessoas que definem esse projeto; fala do passado vivido com dificuldades em que precocemente se fez homem, do que o motivou a estar a construir, inicialmente sozinho, uma casa para a mãe na vila. “Tábua nunca saiu de mim, teria de corresponder ao seu apelo”, sublinha.

Como reage a uma notícia, com chamada à primeira página num jornal concelhio, que costuma veicular as notícias da Câmara, referindo que esteve envolvido num dos casos mais mediáticos de doping do país, corria o ano de 1999? Essa situação prejudicou a sua carreira no mundo do atletismo ?
Relativamente à notícia de 1999, quando fui acusado de uma infração enquanto atleta olímpico, afirmo que sempre mantive a minha inocência. Na altura prejudicou-me, mas a minha carreira continuou: representei a seleção, melhorei marcas pessoais, fiz dezenas de controlos antidopings sem qualquer problema e hoje sou presidente da maior associação de atletismo do país. O passado não me prejudica agora, mas mostra como se faz política recorrendo a casos antigos. Cabe aos tabuenses decidir o que é relevante para o futuro do concelho. Nasci e cresci em Tábua, onde iniciei o meu percurso profissional e desportivo. Fui atleta olímpico, tenho formação académica superior e várias pós-graduações. Recebi prémios de mérito em Tábua, fui convidado como empreendedor para falar aos jovens, recebi o diploma de carreira e a medalha de mérito desportivo do concelho. Criei a minha própria empresa, coloquei milhares de atletas a correr, fui presidente da Associação Nacional de Atletas Veteranos durante seis anos, sou presidente da Associação de Atletismo de Lisboa há nove e sócio fundador e presidente da Associação Atlética do Pecolongo há 25 anos. Tudo isto contribuiu para o meu crescimento pessoal e profissional. Se com tudo isto que eu posso valorizar no meu percurso de vida, a notícia que há para dar se resume a um caso de 1999,o que posso acrescentar mais? … É a forma de agir pela necessidade de fazer política. A mim não me vão ouvir falar deste tipo de coisas, não me vão ouvir a tentar atacar pessoalmente as pessoas, vou tentar, sim, dizer o que posso fazer de bom por elas, pelos tabuenses.
A vitória eleitoral da AD nas últimas Legislativas pode servir de estímulo para uma possível sua vitória eleitoral? Sente que há uma vontade de mudança em Tábua? Ou acha que uma coisa são as Legislativas, outra bem diferente, são as Autárquicas?
A vitória da AD foi importante e reforçou a vontade do povo português, expressa há um ano. Agora, Luís Montenegro tem o voto de confiança que o Parlamento não lhe quis dar. Para as autárquicas, isto pode ser uma alavanca, desde que apresentemos propostas credíveis aos tabuenses, mostrando que vale a pena acreditar e votar no centro-direita. Estou confiante de que temos capacidade para mudar e melhorar Tábua.
Que triunfos pode apresentar aos tabuenses nas suas propostas eleitorais? O que tem de mudar em Tábua, na sua opinião?
Os projetos para Tábua não são meus, são as pessoas de Tábua que o definem. O candidato é apenas um intermediário das vontades e necessidades do povo. O presidente é eleito para executar a vontade da população. Por isso, pretendo ouvir todos os tabuenses, recolher as suas ideias e necessidades, as quais irão ser passadas para um papel e só depois apresentar um programa eleitoral que reflita verdadeiramente o que o povo quer e precisa. Agora é a hora de ouvir as pessoas, percorrendo todas as freguesias.
Ainda vão dizer que o Luís Jesus chegou agora, embora, como me confidenciou, Tábua tenha continuado no seu coração….
Todos nós temos as nossas vidas. Aceitar este desafio respeita ao tempo que decide quando as coisas serão feitas e eu quero aproveitar cada dia que passa para trabalhar para os tabuenses de forma a que eles tenham melhores condições para o seu futuro. Este irá ser o mote do nosso programa eleitoral.
Num dos anteriores mandatos, o PSD/CDS chegou a apresentar uma proposta para que fosse dado o seu nome à pista do estádio Municipal. O PS opôs-se. Isso magoou-o?
Relativamente à atribuição do nome do estádio a Mário Pinto Claro, só posso concordar com a decisão da autarquia, mesmo sendo eu o único atleta olímpico de Tábua, vencedor de vários troféus. O senhor Mário Pinto Claro dedicou-se ao desporto em Almada e, por reconhecimento, o troféu de Almada passou a ter o seu nome. Respeito e admiro o seu percurso, fiz questão de estar presente na cerimónia de inauguração da pista no Estádio Municipal de Tábua como reconhecimento da dedicação dele ao atletismo e considero este tema encerrado e resolvido. Considero que é um assunto pessoal. Como candidato, não quero misturar questões pessoais com a campanha. O importante é defender os interesses de todos os tabuenses e não os meus interesses.
O que o motivou a aceitar ser candidato pelo PSD/CDS numa terra em que o PS domina a política e os centros de poder e decisão há vários anos?
Quando fui convidado pela líder da Concelhia, Tânia Bernadette, hesitei, pois acredito que há outros valores em Tábua capazes de representar tão bem ou melhor o PSD. No entanto, perante as dificuldades apresentadas, senti que é nos momentos difíceis que devemos mostrar aquilo que somos, que não devemos abandonar aqueles de quem gostamos. Tive de deixar Tábua aos 18 anos, mas Tábua nunca saiu de mim, e por isso, achei que devia responder ao apelo da minha terra. Aceitei o desafio com orgulho, humildade e espírito de missão, pronto para dar o meu melhor pelos tabuenses. É com garra que o faço e espero levar muita gente atrás de mim.
Ser um homem vindo do povo, que subiu na vida a pulso, filho de mãe solteira com onze filhos, as dificuldades que sentiu quando jovem em que ajudava a família que vivia com dificuldades, serviram de estímulo ao seu percurso como ser humano?
Nascer em Tábua há 56 anos, filho de mãe solteira e com 11 irmãos, foi um desafio. Foram momentos muito difíceis, que me ajudaram a crescer precocemente, tive de deixar de estudar aos 13 anos para ajudar a família. As dificuldades, tanto financeiras como sociais, moldaram-me e ensinaram-me a nunca esquecer de onde venho. Não quero que nenhuma criança passe pelo que passei, e isso motiva-me diariamente a lutar por melhores condições para todos.
Tive conhecimento que o Luís Jesus está a construir sozinho uma casa para oferecer à sua mãe, precisamente ao lado daquela onde nasceu e viveu parte da sua juventude. Por que o decidiu fazer?
Sim, decidi construir uma casa para a minha mãe, que tem 88 anos e prefere viver de forma independente e não quer ir viver para o Remoco, onde tenho residência. Comprei um imóvel em frente à casa onde nascemos, na Rua João Dinis de Abreu e, com esforço próprio e ajuda familiar, estou a recuperá-lo para lhe proporcionar melhores condições de vida. Aproveitei alguns conhecimentos que tenho, pois trabalhei na secção de Obras do Município. Nesta fase, por falta de disponibilidade, requisitei os serviços de empreendedores locais e o meu irmão mais velho tem dado serventia à própria obra. Este projeto é motivo de orgulho e demonstra o valor que dou à família e às raízes.
Pensa deixar essa vida em Lisboa ligada ao desporto para se dedicar em exclusivo a ser autarca em Tábua? A vida citadina e centralista já não o motiva e prefere este regresso às origens?
Sou presidente da Associação de Atletismo de Lisboa há 9 anos, dou aulas de atletismo em Cascais no 1º ciclo numa parceria entre a autarquia e a associação e também sou gestor de uma empresa de eventos. Entendo que só poderia aceitar o convite para ser candidato em Tábua com o sentido da responsabilidade de que todas essas ocupações estão salvaguardadas com gente capaz para as manter a funcionar quando, no dia a seguir às eleições, assumir as funções de presidente da Câmara, caso os tabuenses assim o entendam e me elejam.
Já tem as listas para as Juntas de freguesia concluídas e, Já agora, para o elenco que o vai acompanhar na candidatura ao executivo camarário? Tem sentido dificuldades na seleção dos nomes?
Criar listas para as freguesias e para a autarquia não tem sido tarefa fácil, mas estamos empenhados em reunir os melhores candidatos para Tábua. O nosso compromisso é trabalhar com dedicação para apresentar propostas sólidas e credíveis, capazes de superar as adversidades
O que mais valoriza em Tábua? E o que mais detesta?
O que mais gosto em Tábua é, acima de tudo, ser a minha terra e o seu povo. No entanto, entristece-me ver que muitos tabuenses não se sentem bem na sua própria terra. Por isso, acredito que é fundamental trabalhar para que todos se sintam verdadeiramente integrados e felizes em Tábua.


“O passado não me prejudica agora, mas mostra como se faz política recorrendo a casos antigos. Cabe aos tabuenses decidir o que é relevante para o futuro do concelho”
“Criar listas para as freguesias e para a autarquia não tem sido tarefa fácil, mas estamos empenhados em reunir os melhores candidatos para Tábua”
“Não quero que nenhuma criança passe pelo que passei, e isso motiva-me diariamente a lutar por melhores condições para todos”
“Relativamente à atribuição do nome do estádio a Mário Pinto Claro, só posso concordar com a decisão da autarquia, mesmo sendo eu o único atleta olímpico de Tábua, vencedor de vários troféus . Para mim, é um assunto encerrado”
Entrevista: José Leite
Fotos: Nuno Pereira
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