“O PRESIDENTE DA CÂMARA APRENDEU COM O SÓCRATES: AS DÍVIDAS NÃO SE PAGAM, GEREM-SE”

Luís Madaleno, de 46 anos, é natural de Tábua, tendo nascido no antigo hospital. ” Na época, era um dos melhores hospitais de Coimbra”, como acentua nesta entrevista a “O Tabuense”. Cresceu e fez os seus estudos nos Ensinos Básico e Secundário nas escolas da vila. Posteriormente, frequentou o Curso de Línguas e Literaturas Modernas, variante de estudos portugueses e franceses, ramo educacional, na Faculdade de Letras, da Universidade do Porto.

Foi diretor administrativo/respon-sável do Centro de Exames de Condução Automóvel de Tábua onde trabalhou durante 11 anos e meio. Posteriormente, frequentou o Curso de Técnico Especialista em Conservação e Restauro de Bens Culturais/Património, ministrado pela Associação CEARTE, de Coimbra, com 18 valores.

Paralelamente às suas atividades profissionais, foi dirigente associativo de organizações, nomeadamente, na Casa do Povo de Tábua e numa associação juvenil (Gaudeamus), em projetos e atividades culturais, folclore e etnografia, música, educação, intercâmbios juvenis e apoio social. Também colaborou em equipas ligadas à igreja católica, nas comissões locais de culto, na catequese/evan-gelização, nos ministérios laicais e no grupo coral.

“Estou, acima de tudo, disponível para contribuir, trabalhando para toda a comunidade, com a candidatura a Presidente da Câmara Municipal de Tabua”, frisa.

O que o levou a candidatar-se pelo Chega?

Trabalhar para a melhoria das condições de vida dos tabuenses, prestando um serviço público justo, imparcial, eficiente e sem discriminações. Vou tentar promover a proximidade entre o município e as pessoas, por forma e envolvê-las na tomada de decisões, ouvindo as suas opiniões e preocupações. E, por último, procurar assegurar a proteção dos recursos vitais e a sustentabilidade do território, promovendo os produtos e tradições locais, atraindo investimentos e valorizando todas as atividades económicas, como o sector primário, pois Tábua é essencialmente um território rural.

E quais vão ser as suas principais propostas?

Destaco três áreas de intervenção prioritárias que estão diretamente ligadas à saúde e bem-estar da população: ambiente e sustentabilidade; a saúde e o bem-estar; e, por último, a habitação e reabilitação urbana.

O povo critica a falta de saneamento básico em muitas aldeias?

Efetivamente, em vez de andarmos a fazer festas, temos de assegurar os serviços básicos às pessoas, especialmente numa sociedade que se diz evoluída e do século XXI. Vamos querer assegurar que todas as aldeias tenham saneamento básico, água potável e luz pública. Neste ponto, vemos que existem quintas que têm relevância para o turismo local e os proprietários são obrigados a pagar os ramais, a serem eles próprios a fazer esse investimento. O município pode colaborar, comparticipando nesses investimentos.

E no que respeita à saúde: por exemplo, há falta de médicos no centro de saúde?

Nem sequer é um centro de saúde mas, sim, uma unidade de cuidados básicos e, neste âmbito, não acautela que exista para todos os tabuenses médicos de família. Vamos pressionar as autoridades competentes para que esse problema seja resolvido de forma urgente., inclusive, reabilitar os antigos postos de saúde que havia em algumas freguesias. A Câmara terá sempre de acautelar a manutenção dos imóveis e dos equipamentos. Seria nossa intenção também promover a saúde oral, especialmente junto das crianças, dos idosos e outros

carenciados. Outra proposta neste sector seria a criação de um gabinete psicoterapêutico ao munícipe e também na área da saúde mental.

E no que concerne à Habitação e Reabilitação Urbana?

É um sector complicado. Defendemos a promoção de novas habitações, seja privada, pública, ou cooperativas habitacionais. Penso que a Câmara deveria ter um gabinete específico para esta área da reabilitação urbana e, depois, procurar ajudar as pessoas que quisessem recuperar as suas casas, recorrendo a candidaturas para requalificar o seu imóvel, esteja ou não classificado. Por exemplo, o recurso ao PRR ou outro programa. Como se tem visto, os programas europeus nunca acabam, há sempre ajuda da UE, temos é de saber tirar proveito disso e não temos equipas de técnicos ao nível do município aos quais as pessoas possam recorrer para serem ajudadas nestas questões. O acesso à informação seria importante. A base seria tentar requalificar o património que existe em Tábua para evitar as situações de ruina que existem um pouco por todo o lado, especialmente, nas aldeias. Aqui onde estamos, Midões, é um excelente exemplo disso, por que tem muito casario. É uma pena deixar ir o Esporão à ruína… Ao invés, o proprietário do antigo Palácio Valverde teve dinheiro para o recuperar e transformá-lo num hotel, o que trouxe benefício para a terra, apesar de não haver serviços em redor e as pessoas acabam por não consumir.

O Chega vai concorrer em todas as freguesias de Tábua?

Infelizmente não. Ainda existe o medo das pessoas darem a cara. A Câmara é um dos principais empregadores no concelho e qualquer pessoa tem um familiar que trabalha lá e entende que, se tomar uma posição partidária, possa vir a ser prejudicado. Mas vamos selecionar as pessoas que aparentem serem as mais aptas, em princípio, vamos concorrer em três ou quatro freguesias.

E a lista para a Câmara já está concluída?

A lista ainda não está fechada. Nós somos um partido novo e a caminhada que estamos a fazer, as restantes forças partidárias já o fizeram antes.

No pós-eleições, não está no vosso horizonte estabelecer um acordo com outra força partidária caso assumam lugares no elenco camarário?

Qualquer coligação pós – eleitoral terá de ser submetida à estrutura do partido a nível nacional. Funcionamos como um grupo, não andamos ao deus-dará. Inclusive, o nosso programa eleitoral será analisado pela equipa da distrital que nos tem acompanhado.

Como vê a governação do atual presidente de Câmara durante este mandato?

O que vejo no dia-a-dia não me agrada. Denota que a pessoa não tem sensibilidade para pormenores que são importantes na vida das pessoas. Especialmente, a manutenção e conservação de espaços públicos. Quando não cuida deste setor, dificilmente consegue ter sucesso noutras áreas. Pese embora o executivo estar muito bem em termos desportivos, mas não esqueçam o resto. E o resto são as localidades, que as há quase miseráveis, esquecidas. De haver espaços públicos degradados, como ruas, passeios, arruamentos, escadarias, jardins. Já para não falar no facto de não haver casas de banho públicas na sede do município.

Então, para si, Tábua não é o “Encanto das Beiras”, como diz o slogan?

A realidade não coincide. Acredito que o concelho possa ser um encanto, mas não se tem trabalhado o suficiente na sede do concelho e nas aldeias para que isso se torne uma realidade. O encanto não é só chegar a Vale de Gaios e ver as quedas de água… e qualquer dia, começam a ver é buracos da prospeção mineira. Deveria fazer-se mais em termos de divulgação turística, deveria haver um trabalho real de bastidores, visível, de forma a dizer-se que há um encanto.

Falou na prospeção mineira que pode vir a ter lugar no concelho. Qual a sua posição sobre essa matéria?

Não sou a favor da mineração devido aos estragos ambientais. Não estou ainda munido de toda a informação a esse respeito, mas essa prospeção do lítio vai afetar quase todo o Vale do Rio de Cavalos. Haverá sempre danos. Por muitos cuidados que se tenham, vai haver poluição atmosférica, dos recursos hídricos, sonora, o relevo vai ser alterado.

E no que respeita ao património, uma área que conhece bem…

Não está acautelado. O património arquitetónico e artístico está negligenciado. Remetem-se a ir com umas máquinas tirar umas ervas de vez em quando, mas não é só isso. É ver se há um muro a cair, se há escadas desniveladas e sujas, com pedras fora do sítio, se há uma capela ex-libris como a do Senhor dos Milagres, na qual não houve a preocupação de substituir as telhas depois do telhado ter sido danificado, havendo infiltrações de água no imóvel; há ainda fontanários que não funcionam, tanques públicos degradados, e que foram fruto de investimentos públicos.

E os gastos com feiras, nomeadamente, as contratações avultadas de artistas?

Concordo que se façam as feiras, mas devem-se evitar gastos exagerados com os artistas, quando há outras necessidades no concelho.

Preocupa-o a dívida excessiva da edilidade?

Preocupa-me, pois está a hipotecar a ação dos futuros executivos. No lugar do Dr. Ricardo, eu tinha vergonha de ter assumido como aspeto positivo o pagamento das dívidas às Juntas de Freguesia. Estas ficaram condicionadas ao longo de anos nos trabalhos que teriam de ser feitos. Novecentos mil euros é muito dinheiro! Independentemente de assumir esse pagamento em ano de eleições, essa dívida nunca deveria ter existido. Provavelmente, aprenderam com o Engº Sócrates, quando disse que as dividas não se pagam, gerem-se…

Um bom resultado do Chega nas próximas eleições legislativas pode servir de trampolim para obter em Tábua igualmente um desfecho positivo nas autárquicas?

Eu não chamaria de trampolim, mas os bons resultados que forem agora obtidos podem ajudar nas eleições seguintes. E eu acredito que vamos ter um bom resultado.

Em Tábua já se estão a ver muitos imigrantes. Vê isso com bons olhos, dadas as posições que o Chega tem assumido nesse âmbito?

Nós somos a favor das migrações, desde que todos cumpram as regras, tanto de quem entra, como de quem sai. O respeito é essencial. Mas que paguem o preço justo a essas pessoas, ou seja, o mesmo que aos cidadãos nacionais.

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