As reuniões do executivo camarário e da Assembleia Municipal, que tiveram lugar a 22 e 23 de setembro, foram marcadas pela homenagem, com um minuto de silêncio, aos três bombeiros falecidos durante o incêndio em Vila do Mato e pelas várias intervenções de pesar evocando a perda dos que tombaram em defesa da população,
Emotiva a intervenção na reunião pública do executivo do vereador do PS/CDS, Vítor Melo, que é presidente da corporação onde se integravam os três bombeiros, sublinhando os dias difíceis que a mesma tem vivido: “Não desejo a ninguém o sentimento que paira sobre nós, mas a vida continua”, acentuou, com os olhos marejados em lagrimas.
“Perdem-se irmãos, cunhados, afilhados, mas a recuperação será mais atenuada por sermos uma família”, agradecendo a todos aqueles que estiveram presentes na “despedida dos nossos heróis”, e, em particular, à “Câmara Municipal que desde o primeiro dia esteve connosco e nos apoiou naquilo que solicitamos, particularmente na logística”. Elogiou o trabalho das equipas de apoio psicológico na intervenção que fizeram junto dos bombeiros maia afetados, agradecendo ao comandante Rui ( BVTábua) pela forma como defendeu os bombeiros do concelho”, precisando que “nem todos vão compreender estas palavras”.
“Os bombeiros de Vila Nova de Oliveirinha não vão voltar a ser os mesmos. Enquanto houver memória, vai subsistir sempre um sentimento de nostalgia pela falta deles”, terminou.
No decorrer desta reunião pública, o Presidente do Município de Tábua, Ricardo Cruz, fez um apelo para que este seja um momento de “união” e não de “considerações fáceis e gratuitas”. Pediu mais agilização nos processos respeitantes aos territórios que arderam, propondo que haja legislação específica, sublinhando que o cadastro dos terrenos vai levar à conclusão que a maior parte dos mesmos “são de ninguém”. Assumindo que iria proferir uma declaração polémica, deu como exemplo positivo as plantações de eucaliptos no concelho vizinho de Mortágua (onde recordemos que até uma fábrica de Pellets ardeu em 2017). O assunto foi tema de debate pela problemática do território do concelho onde também afirmou que nunca se lembra de um incêndio que tenha passado de Tábua para outros concelhos, facto que igualmente pode gerar alguns equívocos, bastando relembrar 2017, ano em que o concelho foi “esventrado” com incêndios que o atravessaram e passaram para Penacova, Mortágua, Santa Comba Dão e Carregal do Sal.
Ricardo Cruz referiu que, em 17 de setembro, Tábua apanhou com um incêndio em três frentes vindo de Nelas, “o que nos leva a uma outra discussão de haver um planeamento global de espécies, mas tem de ser de forma energética e que possa quebrar todas as dificuldades legislativas”. Acentuou ainda que “é um calvário explicarmos às pessoas a responsabilidade e a não responsabilidade que o Município tem naquilo que é a aplicação de coimas a quem não limpa os terrenos”, acusando os proprietários privados de não limparem os seus terrenos: “Se não existem donos, têm de ficar automaticamente sem os mesmos, temos de ser radicais nessa matéria. Se existem donos, as multas não podem ser mais benéficas do que a não limpeza dos terrenos”, disse.
Desculpando a ineficácia que o Município e as freguesias dão mostras na limpeza das bermas, Cruz lançou as culpas para as “alterações climáticas que criam dificuldades na manutenção”. E a esse respeito, enfatizou não se lembrar de haver tanto investimento na matéria da prevenção e do fortalecimento da proteção civil como neste mandato, acentuando que foram duplicadas as equipas de intervenção permanente.
A vereadora, do PS, Susana Mendes, explicou as dificuldades em cobrar as coimas aplicadas e que muitas delas transitam para o âmbito da GNR, apelando a uma maior responsabilização da parte dos proprietário, revelando que foram instaurados mais de uma centena de autos de contraordenação, considerando ser uma realidade haver “proprietários infratores”..
Outras questões em foco nesta reunião pública: a taxa de IMI vai manter-se e foi proposta uma redução para as famílias com dependentes a seu cargo: a aprovação do projeto de arquitetura para a requalificação e ampliação do Jardim de Infância de Tábua que atingirá o valor de cerca de 1,5 milhões de euros; o presidente da Câmara deu “as boas vindas” aos dois novos médicos para o Centro de Saúde que anteriormente estavam em regime de contrato e que passam a integrar os quadros, ficando com um ficheiro de 3280 utentes. Faltam ainda preencher duas vagas e um novo concurso vai ter lugar em janeiro de 2025.
Texto e fotos: José Leite
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