RESPONSÁVEL DA ASSOCIAÇÃO “CRESCER”, DE VALE DE GAIOS, DENUNCIA DESVIOS DE ÁGUA E QUE A POLUIÇÃO FOI UMA EVIDÊNCIA
Abel Pinto é o vice-presidente da Associação Vale de Gaios Crescer, formada em outubro do ano passado e que conta atualmente com nove elementos na sua estrutura diretiva. Refere que depois da inauguração do Trilho dos Gaios a afluência de público ao local tem aumentado, especialmente nesta época de verão. Suspeita que a falta de água na piscina se deve a desvios de água no trajeto do rio de Cavalos, embora clarifique que há pequenas roturas. “Vamos ver se as conseguimos arranjar este ano, mas isso não implica de forma acentuada com o caudal”.
Sobre a propalada poluição devido a fugas de resíduos da ETAR de Midões, diz: “A mesma é visível quando há mais água, nessa altura, nota-se bem, surge acastanhada. Mas, neste momento, o rio tem peixe, o que é um bom sinal”.
“Não tenho medo de dizer que nenhuma das ETAR que há em Tábua funciona a cem por cento”, acentua. Revela que um anónimo andou a recolher amostras do líquido da piscina, mas desconhece quais foram os resultados.
A falta de casas de banho e de caixotes de lixo no Trilho são temas incontornáveis quando se pretende falar em turismo de qualidade que pretende captar pessoas para esta atração turística do concelho. Abel diz que havia a ideia de serem colocados contentores, “eles até desconheciam que a passagem de acesso ao Trilho vai ser contornada, já não vai cruzar a aldeia, está tudo escriturado, ficando um espaço ao ar livre para exploração pela associação”. Cita que o ideal seria a aquisição de uma velha casa junto à piscina que poderia ser o local para acolher as pessoas, mas cuja aquisição e restauro são ainda elevados, mantendo ainda os moinhos existentes. “Poderíamos ficar com um espaço para nós, com um bar e assim conseguirmos uma forma de criar fundos para financiar a associação, é o nosso sonho”, diz. Fala ainda na reconstrução do dique, ameaçado pelas enxurradas de inverno.
São os membros da associação que se responsabilizam pela manutenção de todo este espaço envolvente, sublinhando que a Junta de Freguesia de Midões colaborou quando foi a inauguração do Trilho dos Gaios, ”fora isso, somos nós que mantemos tudo isto”.
O nosso interlocutor reside em Vale de Gaios há 43 anos, num local, na zona baixa, onde tem por vizinhos mais nove ou dez pessoas. ”Em agosto a população tem outra alma devido à vinda de gente de fora”, frisa, acentuando que, em tempos, já houve cafés e mercearias, mas a crescente desertificação deu cabo do negócio. Sustenta que está habituado ao isolamento, ao frio do inverno que, para ele, dura apenas dois meses, “o tempo está mudar, o frio já não é como dantes”. Mas gosta de viver em Vale de Gaios, “não há nada como a nossa aldeia”.
Texto e fotos: José Leite
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