“SOMOS OS FILHOS BASTARDOS DE TÁBUA”

ESTRADA DA FOZ, SEVILHA, ESTÁ A RUIR E NINGUÉM FAZ NADA

   A estrada da Foz, em Sevilha, que liga a várias habitações – entre as quais, por curiosidade, a que pertence ao dono da empresa de segurança Grupo 8, cuja propriedade se situa na margens do rio Mondego – derrocou e desde 2019 que assim continua, pondo em sobressalto quem por ali passe. Uma simples fita colocada no local é o único sinal preventivo que existe. Conta um dos residentes à nossa reportagem que já enviou várias mensagens e ofícios a alertar a Junta de Freguesia de Tábua para esta situações e a resposta que recebeu foi que a verba de reconstrução do caminho já terá sido desbloqueada…mas, entretanto, os meses vão passando e nada de novidades.

  “O processo anda de um lado para o outro, da Junta para a Câmara, que aprovou a afetação de uma verba para reconstruir a estrada, mas o certo é que toda a gente assobia para o lado e ninguém vem arranjar isto”, frisa este nosso interlocutor que nos pediu anonimato.

“Um carro de bombeiros não passa aqui”, garante Carlos, um outro residente, que se acerca de nós, acompanhado da mãe, e também fez questão de nos denunciar os seus receios como residente no local há vários anos e que vê a estrada a derrocar aos poucos. “Veja as pedras que se vão soltando!”, salienta, apontando para o declive onde, lá no fundo, se vêm os resultados desses pequenos desabamentos que vão encurtando o caminho da Foz. “Se tivesse chovido, mais pedras e terra caíam”, sublinha Carlos, que receia que uma ambulância não passe naquele local em caso de uma urgência…e olha para a mãe, que tem alguns problemas de saúde, como que a justificar essa sua afirmação.    

   “Preferíamos pertencer à JF da Póvoa de Midões. A partir daquela ponte, somos os filhos bastardos de Tábua”, referem a “O Tabuense” estes residentes, um dos quais nos mostra uma foto da sua viatura a passar o local onde a distância para o declive em desmoronamento fica à distância de um simples pé. E houve quem lembrasse que o executivo camarário aprovou um financiamento de milhões para a reconstrução das estradas no concelho. “Esse plano não deve ter abrangido Sevilha”, desabafam.

  Mais à frente falámos com um casal de alemães, proprietários da Quinta da Portela “Gostamos de Tábua, de todo este ambiente, mas este acesso à nossa propriedade é mau, está muito apertado e nem sequer é iluminado durante a noite”, refere Dita, natural de Frankfurt. Escritor e professor de línguas antigas, diz-nos que há cinco anos que mora em Sevilha, que aprecia viver no concelho, principalmente “pelas paisagens, a natureza envolvente, o clima, as pessoas”. Apenas detesta a falta de pontualidade, o ambiente demasiado calmo e, claro, este caminho que vai definhando aos poucos, provocando justa apreensão da parte dos residentes na zona.

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