O Núcleo de Tábua da Liga dos Combatentes reuniu em assembleia geral no passado dia 12 de março, no Salão da Associação de Socorro Social da Paróquia der Candosa.
Foi aprovado por unanimidade o Plano de Atividades e Orçamento para 2022, no qual se destaca o anúncio feito pelo Presidente, Primeiro-sargento Armando Costa, que o núcleo vai ter uma sede na antiga escola de S. Simão, depois de efetuadas diligências junto da Câmara Municipal. A data da instalação ainda não foi definida, mas foi sublinhado ter-se tratado de um primeiro passo muito significativo na concretização de uma legítima e antiga aspiração dos combatentes do concelho. Será nesta sede que, conforme consta no Plano de Atividades no sector da Saúde, serão realizados aos sócios rastreios auditivos e visuais com as empresas locais. Foi ainda aprovado no âmbito da Conservação das Memórias, visitar todos os cemitérios do concelho para localizar e identificar as campas, jazigos e ossários onde existam antigos combatentes e “tentar que o Núcleo fique como responsável para fazer a sua manutenção para manter e dignificar”, colocando um símbolo da Liga dos Combatentes nessas campas. Os associados deliberaram ainda envidar esforços no sentido da construção de um mausoléu no cemitério de Tábua, para depositar os restos mortais dos antigos combatentes, bem como realizar protocolos com as Juntas de Freguesia que tenham cemitérios à sua responsabilidade, para ceder talhões e ossários ao Núcleo.
Foi ainda decidido realizar no próximo dia 9 de abril o Dia do Combatente em Tábua, junto ao Monumento dos Combatentes. Nas cerimónias evocativas, dentro do espírito de levar aos mais novos o conhecimento e significado dos atos e símbolos pátrios, irá ser feito um convite à Escola Secundária da vila para participar, com a apresentação, por um aluno, de um tema alusivo à efeméride. Está previsto nesse dia a realização de um concerto, para angariação de fundos a favor do Núcleo.
Um dos pontos aprovado respeitou ao desenvolvimento das ações necessárias à dignificação do Monumento aos Combatentes, sendo especialmente evidenciado o facto de o mesmo não se encontrar iluminado durante a noite, situação que urge ser alterada de forma a dignificar o simbolismo desse padrão. Decidiram ainda os associados pugnar para que seja construído em cada freguesia do concelho um memorial aos Combatentes que participaram na Guerra do Ultramar, com afixação dos nomes não só dos soldados falecidos mas, também, os que estejam vivos de forma a perpetuar a sua memória e esforço em defesa da Pátria.
As contas do exercício do ano passado foram aprovadas por unanimidade, as quais apresentaram um saldo positivo de cerca de 87 euros.
A atual direção presidida pelo Primeiro-sargento Armando Costa foi reconduzida, efetuando-se a tomada de posse dos novos corpos sociais no próximo dia 23 de março no Salão da Paróquia
de Candosa pelas 21. 30 horas.
COMBATENTES PRONUNCIAM-SE SOBRE A GUERRA NA UCRÂNIA
“O Tabuense” convidou alguns dos antigos combatentes presentes nesta assembleia-geral a pronunciar-se sobre a guerra na Ucrânia. Eis alguns desses testemunhos que colhemos:
José Cardoso: “Há um ditador que quer ser o dono do mundo e essa guerra vai apenas terminar quando ele quiser. Ele derrete tudo e não vejo quem lhe possa fazer frente. É de temer que um dia carregue no botão nuclear e arrase toda a gente. A guerra é sempre uma coisa pavorosa. No ultramar muitas famílias ficaram sem os seus entes queridos e a coisa que mais me custou foi quando, dois dias antes de embarcar, ter de nomear uma pessoa que, em caso da minha morte, fosse a primeira a ser informada. E eu, a muito custo, nomeei o meu pai”.
Alfredo Trindade, antigo comando em Angola: “Se não fossem os franceses o Putin já tinha derretido tudo. Penso que a Rússia não vai ganhar a guerra apesar de todo o seu poderio bélico. O povo ucraniano é muito corajoso e vai lutar com denodo pela sua pátria. Os russos já perderam nestes dias mais homens do que nas anteriores guerras em que participaram recentemente, como foi o caso do Afeganistão e Síria. Pensavam que ia ser uma pera doce mas tornou-se amarga”.
Manuel Tony foi radiotelegrafista entre 71/73 em Angola: “Comparo esta guerra como a que travamos: é uma estupidez. Esta é mais hitleriana, só falta o bigode ao Putin. Em África o objetivo era anular adultos. Agora, o alvo são crianças, mulheres, maternidades, hospitais, escolas, apartamentos residenciais. E uma guerra desumana, trágica. Como pode terminar? Espero que haja uma aberta e o Putin seja neutralizado ou que o prendam e o levem a julgamento no Tribunal Penal de Haia”.
Armando Costa, que integrou as forças da ONU, presidente do Núcleo de Combatentes de Tábua: “É uma catástrofe a nível mundial que nos afeta indiretamente, através do aumento do custo dos combustíveis. E o Putin não olha a meios para atingir os seus fins e a comunidade internacional não tem outro recurso do que aplicar sanções. Mas, pelos vistos, não está a ter resultados a curto prazo. É possível que uma força de paz da ONU tenha de intervir mais tarde”.
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