“DESAFINAÇÃO” GERAL

CUSTO DE 29 MIL EUROS (INCLUINDO O IVA) DO ESPETÁCULO DE PAULO CARVALHO EM TÁBUA PROVOCA POLÉMICA

     O espetáculo “Paulo de Carvalho & Academia Artística do Município de Tábua” que teve lugar no passado dia 2 de outubro, provocou algum reboliço nos meios sociais. Não estava em causa, naturalmente, a qualidade do artista e do “show” apresentado aos tabuenses, mas o custo da produção, cerca de 29 mil euros (incluindo o IVA),foi encarado como sendo algo carote. Principalmente, as opções seguidas numa altura de crise económica, fruto dos dois anos de pandemia. Como foi o caso de um tabuense que, no Facebook, lembrou que “neste concelho existem crianças que precisam de creches, coisa barata, esse dinheiro podia ser um investimento correto, pois é o dinheiro dos meus impostos e das minhas taxas, temos a fatura de água mais cara do país, as estradas nas aldeias mais parecem caminhos de cabras (…) o concelho está parado, enquanto vão gozando em Tábua”.

    E para apimentar mais a história, o próprio Paulo de Carvalho também resolveu saltar à liça e, ele próprio, publicou um comentário no Facebook, mostrando-se surpreendido com os custos envolvidos: ”29.ooo mil euros, preciso saber quem ficou com o dinheiro, pois a mim pagaram-me 2.000 euros. Amigo, se souber quem foi….diga-me sff”, respondeu a Nuno Ferta, um cidadão  que levantou a questão, preocupado com a transparência e rigor com que este tipo de eventos devem ser encarados, pois estão em causa dinheiros públicos. Sublinhe-se que esta iniciativa se integrou na programação cultural itinerante “Os nossos e os vossos pela Cultura!”, cofinanciada a 100% pelo FEDER (Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional), através do Programa Operacional Regional – Centro 2020, resultado de candidatura devidamente aprovada, mediante a apresentação prévia de todos os orçamentos relativos aos espetáculos a realizar, e efetuada em conjunto pelos municípios de Tábua, Mira e Vagos, para promover e desenvolver o património cultural e natural, material e imaterial característico de cada uma destas regiões, como fez questão de divulgar a própria Camara Municipal de Tábua.

 Pedro Silva, responsável pela empresa que produziu o espetáculo , a “Andamento Produções”, é que se mostrou algo indignado com esta polémica, repudiando “veemente qualquer iniciativa que vise desvirtuar a realidade, explicando, em seguida, de forma pormenorizada, os custos da produção que incluíram  não só o valor do cachet pago a Paulo de Carvalho ( referindo que  representou o pagamento de um valor bastante diferente daquele que o artista diz ter recebido), mas também de todo o trabalho de pré produção, produção técnica e produção executiva. No final, Pedro Silva lamentou que aquele que foi unanimemente um excelente espetáculo, uma grande festa que, ainda para mais, envolveu brilhantemente a comunidade artística local, ao invés de estar a ser comemorada, “esteja antes a ser obliterada, daquilo que dela fez, indubitavelmente, mais um grande momento cultural e de entretenimento, a registar no concelho de Tábua”.

    Como não somos entendidos nesta matéria de produção de espetáculos, o jornal “O Tabuense” contactou um nome conceituado do ramo, responsável pela vinda a Portugal de grandes artistas (que nos pediu anonimato) e que estranhou o custo divulgado: “25 mil euros para um espetáculo do Paulo de Carvalho? Nem pensar. É a mesma coisa do que comprar um Ferrari com um motor de um Fiat 600.Sabe qual o espetáculo mais caro que aí anda? É o da Marisa que leva 35 mil euros. o Tony Carreira leva 25 mil e já com tudo incluído, a Daniela Mercury 20 mil, sem PA. Por que motivo para um espetáculo do Paulo de Carvalho é preciso ter uma logística de três dias? Eu ando em Portugal com alguns dos maiores artistas nacionais e internacionais e fazemos isso em três ou quatro horas, não é preciso montar o PA com três dias de antecedência”, referiu-nos essa fonte.

  Resta, por último, acrescentar que o jornal “O Tabuense” mandou um email para a Câmara Municipal de Tábua e para a Andamento Produções com a finalidade de obter explicações sobre esta matéria e, até ao fecho desta edição, não recebemos qualquer resposta.

Texto: José Leite

Foto: Câmara Municipal de Tábua

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