AIRES SILVA, O VERDADEIRO ARTISTA POPULAR TABUENSE, QUE DIVIDE
A ATIVIDADE DE ANIMADOR MUSICAL COM A VENDA DE COSMÉTICOS
Aires Silva e Sílvia Godinho gerem a empresa de cosméticos SA localizada na Praça Dr. Castanheira Neves, vendendo todo o tipo de material para cabeleireiro e estética, destinado ao público em geral e profissionais do
sector, com afluência de muitos consumidores vindos dos concelhos limítrofes, pois “há aqui muitos produtos exclusivos que não encontram na região”.
“Nesta altura do verão, as pessoas preocupam-se mais com o tratamento dos pés, depilação, produtos para o cabelo e os cremes”, diz-nos Sílvia, revelando que a empresa existe há 6 anos. Devido aos baixos salários praticados no concelho, os preços são médios e “as pessoas têm aderido muito bem”. Mas obviamente que Aires Silva, que nesta altura dá uma ajuda à mulher no negócio, é também conhecido em Tábua por ser o chamado verdadeiro artista popular. Nasceu em França e veio de lá com 5 anos, vivendo atualmente nas Bugalhas. Animador de tudo o que é festas e arraiais, infelizmente, uma atividade que há dois anos a esta parte está praticamente parada devido à pandemia. “Não tem sido nada fácil. Quando começou a pandemia tinha o ano cheio e os espetáculos foram todos cancelados. Foram noites mal dormidas. Aqui o negócio também foi afetado e estivemos quase para fechar, mas demos a volta, vendendo álcool gel e luvas e a loja conseguiu manter-se aberta até agora”, afirma Aires Silva.
Há 25 anos que anda no mundo da música e estar dois anos parado (chegava a ter mais de 30 shows por ano) levou-o igualmente a questionar se não seria tempo de acabar com essa atividade. “Mas foram as pessoas que me deram ânimo para continuar e já tenho festas marcadas para o próximo ano. Vamos tentar conciliar este negócio com a música e depois logo se vê”, diz-nos, sustentando que este interregno tem sido difícil de ultrapassar, “pois foram muitos anos de palco, não é só uma necessidade, mas é também por gosto”, diz-nos, sustentando se injusto que não se possam fazer festas nas aldeias ao ar livre, com regras impostas pela DGS, embora compreenda ser difícil alguém o contratar para “estarem sentados a ver-me tocar, as pessoas querem é dançar, animar-se”. E logo numa altura em que a música popular está em alta depois da prestação do jovem Tiago no “Got Talent Portugal” em que foi um dos semifinalistas.
”Nunca pensei que ele conseguisse chegar onde chegou, devido ao facto de ser um artista popular. Mas ele tem uma boa voz, toca bem já é um verdadeiro artista”, frisa Aires Silva, acrescentando que as suas características são mais de ser animador, mas, sublinha, que esta situação está a provocar grandes problemas para quem vive da música, não só para a estrela principal, mas para o pessoal de apoio aos espetáculos, técnicos de som, motoristas, etc. Todos temos famílias para sustentar”.
No que respeita aos apoios dados pelo Estado ao mundo artístico, Aires Silva considera ser “uma vergonha” a atribuição de um subsídio de 50 mil euros a José Cid para gravar um disco. “Devia ser dado às pessoas que estão a passar grandes necessidades, fome mesmo. Se não fosse a família a ajudá-los, não sei o que seria deles. O José Cid deve estar reformado, mostra ter rendimentos. A não ser que o Estado vá buscar uma percentagem na venda do disco, só se for assim. Mas repito: esses 50 mil a dividir pelas famílias dos artistas que estão a passar por grandes dificuldades seria uma atitude mais razoável da parte do Ministério da Cultura”.
Aires Silva sente falta desses momentos de animação nas festas populares e é continuamente visitado na loja por tabuenses que o vão dar aquele incentivo sempre necessário nesta altura. Afinal foram eles os principais responsáveis por não ter desistido, depois de estar muito tempo parado.
Texto e fotos: José Leite
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