O TI FERNANDES SAPATEIRO ABRIU LOJA EM HOMENAGEM AO PAI

A sapataria à moda antiga situada em frente ao edifício da Câmara Municipal, “ Ti Fernandes Sapateiro”, abriu no passado dia 5 e o proprietário, Carlos, diz que seguiu as pisadas do pai, Artur Fernande Florêncio, fazendo-lhe uma homenagem ao abrir este pequeno espaço. ”Ele foi sapateiro aqui em Tábua durante 21 anos, mas iniciou a sua arte em Pomares, Arganil”.

É uma sociedade familiar com a mulher, ele dedica- se à reparação de calçado, a esposa mais especializada a aplicar fechos em malas. As margens de lucro são pequenas, mas, nesta loja, surgem todo o tipo de clientes: desde os menos abastados que pretendem remediar os poucos sapatos que possuem, tentando conservá-los até onde puderem “sobreviver”; até aos mais ricos, calçando sapatos mais requintados que, com uns retoques ali e acolá produzidos por estas mãos sábias, estão sempre luzidios e continuam a dar nas vistas. É claro que, nestes tempos de crise, a clientela aumenta. “Tenho essa ideia.”, afirma Carlos.

Difícil é conseguir os materiais, “porque há pouca gente a trabalhar nessa área”. Fala com orgulho desse legado do pai, dos ensinamentos que colheu do progenitor que lhe possibilitaram adquirir experiência e conhecimento. Diz que não sabe apenas fazer o chamado ponto manual. ”Tenho pena, mas não consegui aprender isso com o meu pai. Só o faço recorrendo às máquinas”.

Reconhece que se trata de uma atividade em vias de extinção. “Eu não faço vida disto a principal profissão, é um part-time. Sou empregado de mesa no restaurante Agulhas e tento compatibilizar as duas profissões. Mas, facto curioso, o meu pai também era empregado de mesa e sapateiro”, diz.

Carlos mostra-nos os seus instrumentos de trabalho: uma máquina de fresar que serve para aparar e colocar saltos, uma grosa utilizada com a mesma finalidade, as polidoras de sapatos, uma antiga máquina de costura da conhecida marca Singer, quase uma relíquia que herdou do pai, utilizada para coser sapatos com um braço especial em metal que roda. “A marca ainda existe, mas este tipo de sensores são únicos”. O Ti Fernandes é uma espécie de pérola bem viva de uma arte ancestral e que se saúda aqui na vila.

Texto; J.L.
Fotos: Manuel Pereira