FORAM CONFECCIONADOS CERCA DE 250 QUILOS DE CAROLOS E 1100 BROAS E ERA GRANDE A FILA NO QUARTEL PARA OS RECEBER NA TARDE DO PASSADO DOMINGO
A iniciativa da Dona Felismina, senhora abastada que há quase um século se lembrou de confecionar e distribuir carolos pelas pessoas menos abastadas de Vila Nova de Oliveirinha e que trabalhavam na casa dos ricos, foi reeditada no domingo passado. Naquela época, assinalando o fim das colheitas, os senhorios dos latifúndios, depois da descamisada, realizavam um convívio onde juntavam as pessoas que nos seus campos trabalhavam, oferecendo animação com música e danças de roda, mas também o precioso cereal – o milho, para confeção dos famosos carolos.
Os Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Oliveirinha retomaram na década de setenta essa antiga tradição, assumindo o papel principal na organização da Festa, não apenas confecionando os carolos – agora doces, antes, mais salgados, como nos disse um popular – mas organizando os festejos com uma grande simbologia e uma carga emocional, como aconteceu no passado domingo.
Os carolos foram confecionados no dia anterior em panelas de ferro à moda antiga e, posteriormente, trazidos para a Igreja Paroquial para serem benzidos durante a cerimónia religiosa, que acontece sempre no segundo fim-de-semana de maio. No final da bênção, são levados para o exterior da Igreja e ali começa o cortejo. Um ritual que envolveu a atuação da respetiva fanfarra, constituída por elementos de todas as idades, que o acompanhou ao longo do percurso até ao quartel. Uma tarde onde a animação e convívio não faltaram, desde logo com a participação dos ranchos folclóricos de Midões e Covas.
Em declarações prestadas a “O Tabuense” sobre a forma como viveu estes dois dias, Vítor Melo, o Presidente da AHBVNO referiu-nos:
“Foi uma sensação única. Vimos aqui no quartel e na Igreja uma grande parte da nossa comunidade, uma massa humana significativa e acho que as pessoas estão necessitadas deste convívio. O tempo também ajudou.”
Sublinhou que a iniciativa não teve fins lucrativos para os bombeiros, “pelo contrário, é um custo que fazemos com todo o gosto, não só na confeção e distribuição dos carolos e das broas de milho, mas também abrindo o espaço do quartel à comunidade.” Uma tarefa que começou no feriado do dia 25 de abril, com os bombeiros a recolherem a lenha e a distribuírem-na pelos vários fornos do concelho que depois vão confecionar a broa. E que prosseguiu depois na tarde de sábado, com a confeção dos carolos nas fogueiras em panelas de ferro, como acontecia noutros tempos”. Umas semanas antes, fora feito um peditório na localidade no qual os residentes ofereceram os ingredientes necessários, o leite, açúcar, o azeite, tendo sido cozinhados cerca de 250 quilos de carolos e 1100 broas.
Há três décadas a prestar serviço na corporação, a bombeira Elsa Sampaio desde praticamente essa época que participa, “com todo o gosto, nesta festa”. Interrompe a entrega dos produtos para nos elucidar sobre os segredos da culinária destes carolos:
“Apenas o carolo é peneirado, depois levam leite, pau de canela, açúcar e limão. No final, quando estiver já tudo cozido, adiciona-se um pouco de farinha desfeita com leite que é para dar a goma ao carolo. São depois confecionados em panelas de vinte litros cada, são mexidas com uma colher grande de madeira que os bombeiros têm e ficam de um dia para o outro, ou seja, de sábado para domingo.”
E assim se cumpriu a tradição!
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