Quando verifico todo o resumo da época de Incêndios que passa, sinto revolta. Não é só pelo que aconteceu, mas pelo que não foi feito. Os incêndios, normalmente, ocorrem durante 3 a 4 meses no ano. Durante os restantes 8 a 9 meses, não temos grandes incêndios a não ser casos excecionais. Na nossa região, durante o chamado período de fora do Verão, temos várias empresas privadas, proprietários, proteção civil e associações florestais ou outras a trabalhar no terreno para preparar a chegada dessa estação. Essas empresas recebem dinheiro da União Europeia, do estado português, das autarquias, dos proprietários, com a finalidade de limparem, organizarem, prepararem a chegada do Verão. Recebem milhões para a época que não abrange esse período. Têm bons quadros a trabalhar, mas existe sempre um mas. Muitas vezes, as máquinas passam meses paradas, ou por avarias ou falta de ordens para o fazerem e, quando chega o Verão, muito está por fazer. Aliás, até nos dias dos incêndios que flagelaram o concelho com as consequências dramáticas que todos conhecemos, muitas passaram o tempo paradas e, por isso, a revolta após um episódio de Incêndio é mesmo essa. Porque se tivesse sido feito o trabalho de “Inverno”, certamente que o “Verão” era diferente.
Pior que tudo é que até nestas ditas associações florestais ou empresas florestais existem os normais lóbis políticos há anos instalados, os quais, em vez de priorizarem as questões profissionais, dão destaque aos políticos. Se os trabalhos tivessem sido feitos, certamente que tudo seria diferente e é por isso que não me calo, principalmente, e se isso pudesse evitar só que seja um acidente ou um metro de mata ardida. São os nossos impostos a serem aplicados ao dispor da população e não da política. No final, quem fica prejudicado são os particulares e os bombeiros, porque as horas continuam a marcar e a folha de ponto a anotar. É hora de acabar com os compadrios florestais e passar ao compadrio social. Se os privados tinham os terrenos limpos, os acessos públicos só têm de estar limpos e acessíveis também.
E já que estamos a falar de limpezas ou falta delas, que muitas das vezes são da culpa dos privados, expliquem para que foram constituídas as Zifs e as Aigps senão para receberam fundos comunitários ou estatais e serem as primeiras a arder? Prevenção não é arder.
Texto: Nuno Pereira
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