PERA TAVARES É ÚNICA NO MUNDO E PLANTA-SE EM MIDÕES

COLHEITA ENFRENTOU AS ABELHAS ASIÁTICAS

A pera Tavares já atingiu o seu ponto de amadurecimento, e era grande a azáfama da sua apanha no terreno do proprietário, Nuno Tavares, com uma vista privilegiada para o hotel de charme da família em Midões que vai ser inaugurado dentro em breve.

  Dizem os entendidos que o sabor, textura suculenta e formato são inigualáveis. O certo é que atraem as abelhas, daqueles que convém manter por longe, como é o caso da asiática que esvoaçam por entre as ramagens enquanto prossegue a labuta dos trabalhadores, aparentemente indiferentes (mas tomando as devidas cautelas).Convém não repetir a experiência desagradável que teve o Luís Nunes que foi picado num terreno em Celorico da Beira há cerca de um mês. Refere à nossa reportagem que andava com um trator a capinar e foi atacado por um enxame de abelhas que o picaram no tronco e na cabeça, tendo sido transportado de urgência para o hospital da Guarda, depois de ter desmaiado. ”Fiquei que parecia um bicho”, recorda essa má experiência, ao mesmo tempo que aponta para aquilo que parece um ninho desses insetos lá no cimo de uma árvore. ”Já disse ao Sr. Nuno para mandar vir os técnicos especialistas retirar esse ninho que pode ser perigoso para a população”.

  José Manuel Antunes, a trabalhar na empresa há mais de vinte anos, coordena a faina. Diz-nos que a produção é da ordem dos 2500 quilos e destina-se, em grande parte, a abastecer os hotéis e restaurantes do Grupo empresarial a que está ligado, nomeadamente os hotéis, além do mercado nacional. Diz-nos que a produção é a melhor dos “últimos oito a dez anos”. Os trabalhos da Picos do Couto desdobram-se entre Midões, Touriz e Pinhanços.

 O empresário Nuno Tavares dá instruções para que as peras que se encontram no chão sejam igualmente colhidas. Ali tudo se aproveita, tudo se transforma. ”Ainda estamos a estudar o destino a dar-lhes. Ou para compota ou para tentarmos fazer um produto mais gourmet. Esta é uma pera que o meu pai descobriu há uns anos numa árvore e achou que era diferentes das outras. Na altura, levou-as ao Instituto de Investigação Agrícola e patenteou-a como Pereira Tavares, numa homenagem à minha falecida avó. Vamos aumentar a produção, tudo tem de ser feito gradualmente. Mas é curioso sabermos que é única nos pais e no Mundo”.

 A conversa deriva para o momento atual do setor agrícola:

 “A agricultura tem sido encarada como a parente pobre do Estado e, para subsistir na Europa, depende sempre de subsídios, de forma a manter os preços no mercado. De uma vez por todas, a Europa tem de decidir: ou produz qualidade, ou então esquece a produção e opta por outros mercados, como África e outros destinos, onde não há controlo de nada… de sanidade ou pesticidas, por exemplo. E as pessoas gostam de ir aos supermercados comprar esses produtos, mais baratos”, refere o empresário, sustentando que a “agricultura na Europa não funciona sem subsídios, de forma a equilibrar os preços dos produtos que vêm de outras origens”.

  “Quanto a mim é uma medida errada, porque acho que se deveria era taxar os produtos que nos chegam vindos do exterior e não andar nesta questão da subsidiodependência”, acrescenta. E lembra que o produtor, nesta cadeia de alimentação, é que acaba por ficar sempre prejudicado com os prejuízos, seja devido a uma catástrofe, ou excesso de produção, que leva a que os preços baixem. “É daquelas profissões que nunca se sabe o que vai acontecer no dia a seguir”, acentua. E Nuno lembra o espírito solidário, de entreajuda, que é uma das características de quem trabalha neste sector: “Ainda hoje estamos a enviar maçãs, de qualidade mais baixa, para a zona de Nelas, afetada por um incêndio que dizimou os pastos, porque o Estado não ajuda e os animais estão a passar fome”.

 “O Estado, como é dos maiores consumidores de fruta a nível do país, pois tem cantinas escolares e outros locais onde vende o produto, se quer promover os bons hábitos alimentares favoráveis a uma melhor saúde, tinha de obrigar ao consumo local, tabelando o fruto. O produtor iria entregar aos armazéns do Estado para distribuírem pelas cantinas das escolas, dos centros de saúde e dos hospitais. Era uma forma de regular o sector”, frisa o empresário.

   No que respeita a propalada falta de mão-de-obra para este tipo de explorações, sublinha Nuno Tavares que ”para, os empregadores, não existem pessoas para colocar, ou por que os centros de emprego não têm, ou por que não querem ser colocados em determinada atividade. Mas os números dos centros de emprego indicam que existem desempregados. O problema é que se paga às pessoas para estarem desocupadas, prejudicando quem trabalha”, acentua, especificando que tem ao seu serviço alguns trabalhadores estrangeires, mas que estão na empresa há muitos anos, sendo fixos., fornecendo-lhes casas para habitar.    

   Deslocamo-nos, em seguida, a uma outra propriedade da Picos do Couto em Toutiz, um pomar de perder de vista que se estende ao longo da encosta onde também se efetua a apanha da maçã da qualidade Royal Gala. A produção, feita em conjunto com a colheita obtida em outras propriedades situadas em Seia e Pinhanços, calcula o empresário que possa atingir as 400 toneladas. ”No que respeita à qualidade, só vamos aproveitar entre 50 a 100 toneladas, o resto vai para concentrados, sumos compotas As  temperaturas altas que se fizeram sentir em agosto desequilibraram muito a produção”, afirma Nuno Tavares.

NUNO TAVARES ENVIOU PARTICIPAÇÕES PARA AS ENTIDADES DO AMBIENTE E FORAM SUBMETIDAS COM SUCESSO

CHARCA PARA REGA POLUÍDA COM ÁGUAS RESIDUAIS DA ETAR DE TOURIZ FOI DESATIVADA

Uma das charcas no terreno em Touriz e que serve para regar o pomar onde estão plantadas as macieiras, não está a ser usada na rega porque foi detetado um foco estranho de águas residuais que a estão a poluir. O empresário refere serem provenientes do mau funcionamento da ETAR de Touriz, permitindo que aquela estrutura esteja a lançar dejetos para terrenos adjacentes, poluindo o espaço e deixando um “cheiro insuportável”. Assegurou ainda que teve de desligar o sistema de rega das suas plantações de frutos devido à contaminação da charca onde faz a captação e gestão de águas para fins agrícolas. Documentou o caso com fotografias (que “O Tabuense” publica, para que não restam dúvidas deste autentico atentado ambiental).Já enviou três queixas para a  Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, estando o caso em averiguações depois deter sido submetido com sucesso junto daqueles organismos.

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