QUINTA DA MONDEGA : PROPRIETÁRIO ESPERA HÁ DOIS ANOS PELO CERTIFICADO DE ALOJAMENTO LOCAL
José Branquinho adquiriu o espaço situado na Póvoa de Midões há cinco anos com o dinheiro amealhado na sua vida de emigrante em Paris. Natural de Santa Comba Dão, surgiu esta oportunidade de adquirir uma casa praticamente ruínas rodeada por um terreno cheio de ervas, que ele próprio recuperou à ”custa de muito suor, pois estava tudo completamente abandonado”. Um investimento que ultrapassou os 150 mil euros que gere na companhia da mulher. “Havia para aí uns quatro metros de silvas e só se viam umas pedras da habitação, completamente coberta com mimosas”, lembra.
E aos poucos se foi erguendo esta Quinta da Mondega, um Alojamento Local composto por uma casa onde sobressaem os granitos e a madeira – uma envolvência decorativa muito atrativa e que dá uma sensação de conforto e rústicidade ao mesmo tempo – com capacidade para alojar oito pessoas, existindo ainda, uma roulotte, que pode albergar quatro pessoas em forma de carruagem antiga, cuja arquitetura e fabrico foram feitos pelo próprio José Branquinho, segundo uma ideia muito em voga em França. Mas o que nos dá aquela sensação de tranquilidade e beleza é o terreno envolvente de cerca de hectares, bordejando rio Mondego que ali corre de mansinho…pelo menos, nesta época do ano. Há uma praia de areia privada, embarcações para os adeptos dos desportos e lazer náuticos, como canoas, kayaks e paddle. Mas, sobretudo, há esse reencontro sempre reconfortante com esta natureza verde envolvente, com uma temperatura ideal durante o verão, não faltando uma pequena queda de água junto a um pequena poça, que o proprietário assegura ter uma grande profundidade, que confina com um tanque de grandes dimensões. Ao lado, veem-se ainda os escombros de um antigo moinho, símbolo de uma atividade característica desta região existente há muitos anos.
O complexo é completamente autónomo em termos de água, que nasce uma mina da própria quinta, e recorre a painéis solares em termos de energia elétrica.
“As pessoas vêm aqui à procura de calma, do encontro com a natureza, em suma, procuram relaxar da vida sempre ativa nas grandes cidades”, diz-nos José Branquinho, sublinhando que tem havido muito procura, especialmente da parte de portugueses. ”Após a pandemia, a mentalidade das pessoas mudou”, assegura.
A unidade está aberta há dois anos, embora sofra de algumas contingências que impedem uma atividade normal, nos antípodas da propaganda muito em voga no concelho de Tábua de ser um “Encanto das Beiras” em termos de turismo. Desde logo, as estradas que vão dar a Póvoa de Midões são esburacadas e em pedra solta, mau grado os esforços feitos pela Junta de Freguesia local para as melhorar…até por que, por estas bandas, existem outros empreendimentos turísticos e convém criar as condições mínimas de acesso. E depois, José sublinha que há dois anos que está à espera do Certificado de Alojamento Local. ”Os papéis todos estão na Câmara e nos organismos oficiais”, frisando que a longa espera se deverá ao facto de ter ampliado a casa e pedido o certificado ao mesmo tempo.
Texto: José Leite
Fotos: Nuno Pereira
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